Foi Descartes quem, no seu «Discurso do Método», considerou o privilégio da linguagem como fundamento da superioridade dos homens sobre os animais.
Mas será a linguagem um instrumento exclusivamente humano? No conceito mais restrito sim, mas se alargarmos aquilo que entendemos como comunicação chegamos á conclusão de ela existir igualmente no reino animal. Haverá, então, que distinguir entre língua e linguagem!
Segundo Chomsky as línguas humanas fazem uma utilização infinita de recursos finitos: somos capazes de criar frases sem fim para dizer exatamente o mesmo.
Mas quando vemos a linguagem gestual para surdos mudos temos de expandir o âmbito da língua e da linguagem a tais sinais.
O mesmo Chomsky também constatou a existência de propriedades universais na aquisição da linguagem e que explica a facilidade com que ela é apreendida pelos bébés. Existe algures um mecanismo cerebral de aprendizagem - uma gramática universal, que a torna possível.
Mas, quando se racionaliza sobre a linguagem vale a pena avançar para outras linhas de pensamento: por exemplo, será o pensamento a ditar a linguagem ou será esta a dirigir a mente? Ou para a resolução de paradoxos, como o muito conhecido referente aos cretenses: «todos os cretenses são mentirosos. Quem o diz é um cretense.» Neste caso tratar-se-á de uma frase verdadeira ou falsa?
Para o filósofo Philippe Schlenker justifica-se a validade de uma Teoria da Verdade, que considera não duas (verdadeiro ou falso), mas três possibilidades (verdadeiro, falso e nem verdadeiro nem falso) para dar a resposta adequada a tal questão. E é ele quem manifesta o entusiasmo pelas línguas naturais, as únicas passíveis de desafiarem os pensadores com os seus paradoxos...
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