Quer à esquerda, quer à direita, existe uma constância na análise dos diversos comentadores ouvidos pelas diversas televisões durante esta memorável terça-feira: nestes dois anos o país esteve entregue a um bando de garotos, de fedelhos, de irresponsáveis.
Quando alguém previu, perante a saída de cena de José Sócrates, que, muito em breve, este teria razões para evocar um célebre provérbio popular (“atrás de mim virá, quem de mim bom fará”) não podia estar mais correto. Porque o antigo primeiro-ministro foi acusado de muitos defeitos, mas ninguém se atreveu a censura-lo com os termos agora utilizados a respeito de passos coelho ou paulo portas.
Houve quem muito o acusasse de despesista, de megalómano e de muitas outras máculas, mas quem lhe negou a existência de uma Visão Estratégica para o país, que passava por gente qualificada, uma administração pública moderna e eficiente, uma indústria orientada para a inovação e para as energias renováveis, uma escola pública interligada a plataformas de investigação de ponta e uma segurança social mais sustentável do que a maioria das suas congéneres europeias?
Passados dois anos é pertinente perguntar: foi para isto que passos coelho e paulo portas quiseram derrotar o governo anterior? Foi para este projeto de destruição da economia do país e da condenação ao desemprego e à emigração, que tantos milhares de portugueses caucionaram com o seu voto esta opção?
Neste momento não excluo sequer a possibilidade de, ao contrário do que aventam muitos dos que fazem futurologia sobre os resultados das próximas legislativas, perspetivar a possibilidade de maioria absoluta do Partido Socialista apesar do escasso entusiasmo suscitado no eleitorado pelo carácter de António José Seguro. Esperemos que ele saiba estabelecer pontes à esquerda, com partidos e sindicatos, e com os empresários cuja desilusão com esta direita poderá justificar alguma complacência transitória com o convite para uma verdadeira concertação social. Quanto aos partidos desta coligação, esperemos que levem eternidades a lamberem as feridas agora abertas depois do seu clamoroso fracasso no exercício da governação...
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