A crise segue dentro de momentos. Di-lo Miguel Gaspar no «Público» e poucos duvidarão da justeza desta conclusão depois de cavaco dar o ámen à continuidade do (des)governo. Mas também põe-se cobro a uma sucessão de semanas de surpreendente imprevisibilidade, com todos os comentadores a repetirem alertas para a forte probabilidade de verem alteradas as suas opiniões nos cinco minutos seguintes. Se até de Belém veio um tão forte abanão a quem tanto apostara na reeleição do seu atual inquilino, andámos num daqueles períodos em que vimos enlouquecidos os deuses, que supostamente nos comandam.
Amanhã tudo volta a normalizar-se: passos continuará a querer austerizar, portas a inventar novas habilidades para estar no poder e ir preparando a próxima ida às urnas e a esquerda prosseguirá desunida, incapaz de comparecer perante quem anseia por empregos, menos impostos e mais rendimentos com um projeto credível, que se transforme numa dinâmica imbatível.
Dizia Manuel Vasquez Montalban na célebre Autobiografia, que escreveu sobre o ditador Franco, que este a tudo reagia com a expressão «há males que vêm por bem»!
Podemos subscrever as palavras de tão sinistra personagem: é que, sendo pouco provável uma maior complacência da troika com o fracasso das suas receitas, serão os seus mais entusiasmados provedores quem se encarregará de as querer implementar. O que significarão novas tormentas para a direita, com ventos fortes a criarem violentos temporais.
E, numa conjuntura previsível, tanto bastará para que, ingerida uma tão amarga vacina, os eleitores portugueses se venham a revelar mais prudentes, se tentados a confiar os seus destinos a uma direita apenas apostada em salvaguardar os interesses de quem a financia.
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