Já passaram uns meses desde a estreia de «Operação Outono», mas só agora tive o ensejo de ver esta tradução em cinema das circunstâncias em que o general Humberto Delgado foi atraído a uma armadilha e assassinado, perto de Badajoz, por uma brigada da Pide.
Muito embora a realidade histórica requeresse uma complexidade, que este filme não poderia conter - por exemplo a explicação do afastamento do general em relação às demais forças da oposição no exílio, que o tinham tornado num errático e solitário combatente pelos valores democráticos - «Operação Outono» constitui um bom exemplo do que deveria ser um cinema de entretenimento e de qualidade, capaz de encontrar um público muito mais atraído pelo cinema nacional.
Mesmo reconhecendo os seus defeitos mais evidentes (o play back de Ventimiglia) um título como o de Bruno Almeida deveria constituir integrar os programas escolares enquanto forma de fazer perdurar de Salazar o seu lado assassino e mentiroso, que, em nada coincidia com a versão idealizada e até glamourosa com que alguns revisionistas o querem caracterizar. E, se a interpretação do antigo ator dos “Sopranos” deixa muito a desejar, há muitas a surpreender-nos pela positiva, a começar pela de Camané no papel de guarda fronteiriço, e a culminar nas de Diogo Dória (verdadeiramente sinistro na condição de «infiltrado») ou de José Nascimento (enquanto Barbieri).
A concluir «Operação Outono» serve também para recordar-nos como a democracia foi demasiado branda com os pides, inocentando-os mesmo nos seus crimes mais óbvios!!!
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