Sobre a reação de assunção esteves à contestação ontem manifestada nas galerias da Assembleia da República já se disse tudo quanto de pertinente se justificava: a pose autoritária, a ofensa aos «carrascos» através de uma despropositada citação de Simone de Beauvoir, a absurda proposta de vedar o acesso àquele local aos seus legítimos proprietários (o povo eleitor!) ou os muitos comentários de quem a considera indigna de desempenhar as funções de segunda figura do Estado Português.
Prefiro abordar o tema por outra vertente, que é a da completa perda de compostura da referida criatura. O tom descontrolado com que deu ordem de expulsão aos que protestavam, ficará gravado como um dos momentos mais patéticos desta legislatura!
Se um político se faz ou não respeitar pela forma como reage perante as circunstâncias mais adversas, assunção esteves demonstrou total menoridade e deveria, por uma questão de amor próprio, demitir-se para usufruir da célebre reforma com que foi bafejada numa idade em que muitos portugueses ainda nem sequer encontraram um primeiro emprego, que não tivesse sido precário.
Mas, a exemplo do presidente do seu partido, será mais do que improvável, que ela assuma essa posição: é que está mais que demonstrado o fervor com que os políticos de direita se agarram ao pote, cientes de não terem méritos para encontrar alternativa de emprego noutro sítio, que não o dos decorrentes da confiança política dos seus patrões, chamem-se eles ângelos, pinhos ou soares dos santos. Mas passos coelho e paulo portas, tal como assunção esteves, estão a demonstrar uma total falta de decoro nesse triste mau hábito. Nesta altura, depois de o próprio cavaco lhes ter trocado as voltas, até aceitariam José Sócrates como primeiro-ministro e António José Seguro como presidente da Assembleia se fosse essa a forma de manterem as mordomias governamentais enquanto ministros de Estado.
Num cenário tão imprevisível como o tem sido a política portuguesa nas últimas duas semanas não se conseguem adivinhar facilmente as cenas dos próximos capítulos, mas a imagem que fica dos líderes dos dois partidos que formam a coligação (des)governante é a de dois náufragos levados por um maelstrom, a esbracejarem no desespero de retardarem o mais possível o seu afundamento no vórtice devorador!
Em simultâneo não podemos esquecer as inaceitáveis diatribes dos jardins, dos rios, dos júdices e dos gomes ferreiras, quando apelam implícita ou explicitamente a um golpe antidemocrático, que obrigue os já depauperados portugueses a prescindirem dos escassos direitos e rendimentos, que esta coligação lhes espoliou nos últimos dois anos, para dar plena satisfação a quem verdadeiramente servem: os tais «credores», que continuam a acumular lucros obscenos à conta desta crise por eles próprios construída…
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