segunda-feira, 8 de julho de 2013

POLÍTICA: Graças a deus sou ateu

Como ateu não assisti à vibrante salva de palmas com que alguns católicos de Lisboa decidiram agraciar passos coelho e cavaco silva na primeira missa de d. manuel clemente nos Jerónimos.
Já bastava que o Estado laico se tivesse feito representar ao mais alto nível no ritual de uma seita religiosa para que me sentisse justificadamente indignado. Mas constatar que os seguidores de tal seita desprezam tão manifestamente os princípios orientadores da sua crença em nome do seu atávico conservadorismo ideológico, só acrescenta mais uma às milhentas razões porque não alinho na irracionalidade da transcendência.
Relembrando apenas quanto quase todas as crenças religiosas estão na origem das maiores crueldades verificadas ao longo da História da Humanidade, continuo a acreditar que elas deverão apenas cingir-se ao espaço privado nada tendo que ver com a intromissão no que é público. Por isso, quando Putin anda de mãos dadas com os popes ortodoxos, os países islâmicos tratam as mulheres como o fazem ou cada líder norte-americano traz a palavra deus para os seus discursos, fico elucidado quanto à sua natureza!
Ora, ao participarem na cerimónia em causa, os efémeros inquilinos de Belém e de São Bento violaram uma regra sensata, que estimo exigível num Estado de direito! Porque vale tanto a opinião de quem acredita piamente na existência de um deus acima de todos os homens a quem estes têm de se ajoelhar, quanto a minha para quem toda e qualquer religião é ópio para alienação dos humilhados e ofendidos!
Por isso cada um deve acreditar no que queira sem obrigar quem está ao lado a partilhar dos seus valores. Igualdade, que tende sempre a ser espezinhada pelos crédulos de deus, sempre apressados em imporem os seus valores mais preconceituosos, no que diz respeito à sexualidade, à educação ou ao direito feminino a dispor do próprio corpo!
É por o deus dessa gente ser como é, que dele me sinto completamente alheio. Posso-me dizer ateu com todos as letras e graças a deus!
E não será esse mesmo deus, quem irá contribuir para o crescimento da economia, para a redução do número de desempregados ou para a diminuição do desespero de quem olha para essas palmas com o asco de quem assiste a uma manifestação grotesca!
Razão porque depressa regressarão as manifestações de descontentamento para com este presidente e este primeiro-ministro, que prosseguirão todas as malfeitorias com que vêm brindando os portugueses nos últimos dois anos!


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