quinta-feira, 4 de julho de 2013

POLÍTICA: o país dos senhores comentadores televisivos

É muito fácil de explicar a razão porque Berlusconi continua a ser um político muito popular em Itália, ou os norte-americanos dividem as suas opções políticas entre democratas e republicanos, sem qualquer possibilidade de outras alternativas serem consideradas pelos seus eleitores: basta que as televisões e os jornais estejam na posse de quem também é dona das empresas e dos bancos para só ser filtrada uma realidade à medida dos seus interesses.
Um bom exemplo disso está a acontecer em Portugal nestas últimas horas: apesar do fracasso total da política de austeridade, que já motivou a fuga de vítor gaspar, ou a reação compreensível de paulo portas por sentir-se corneado por passos coelho, os vários canais de televisão têm multiplicado “análises” de sucessivos “comentadores” dispostos  a convencerem os espectadores em como tudo estava a correr bem (josé gomes ferreira na SIC até invocava fontes muito secretas só do seu conhecimento), estávamos à beira de chegar vitoriosos à meta e que só uma birra do líder do CDS contra o seriíssimo primeiro-ministro poderia explicar esta queda abrupta das Bolsas europeias e o aumento exponencial dos juros da dívida.
Por vontade de tal gente o fim de semana de praia chegará com o governo recauchutado à conta de umas caras novas para parecer-se dotado de um novo impulso - mas sempre com a “indispensável” mrs. Swaps na sua recente promoção - e com passos coelho e paulo portas a fazerem juras de amor eterno. E mesmo que sujeito ao enxovalho de anteontem, com a inenarrável cerimónia de tomada de posse da nova ministra das finanças, cavaco sentir-se-á reconfortado com a ideia de manter tudo na mesma. Parece que a “deslealdade institucional” só tinha importância relativamente a quem procurava sabotar com a conspiração das falsas escutas.
É claro que poderemos tecer muitas dúvidas quanto ao sucesso desta estratégia da direita, não tanto pela reação da rua, mas pela tendência incontrolável de portas em lembrar sempre o escorpião da fábula. Mas demonstra-se quanto a direita dos interesses conta com um número muito significativo de “jornalistas” pouco dignos dessa profissão, que enchem as televisões de banalidades tendentes a convencer quem os vê da inevitabilidade de mais austeridade e desemprego. Basta fazer zapping durante o dia. O que coloca à esquerda a candente questão de tornar a informação mais séria e equilibrada, quando chegar ao poder. Porque, a exemplo do sucedido com Sócrates, depressa os mesmos interesses tratarão de lançar campanhas difamatórias e carregadas de insinuações e  mentiras contra quem se atrever a pôr em causa a continuidade deste processo tenebroso de ir empobrecendo as classes médias e baixas para que os amorins, os salgados, os ulrichs, os belmiros, os soares dos santos e outros que tais continuem a ver engordadas as suas contas acauteladas nos paraísos fiscais.
Uma outra estratégia tem de ser considerada quanto à chamada comunicação social...


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