Uma das notícias do dia foi a da falta de comparência de álvaro santos pereira à tomada de posse dos novos ministros do governo de onde foi excluído. Concluiu-se, assim, sem brilho, nem glória, essa passagem efémera de um cometa brilhante pela política nacional.
A primeira vez que dei pela sua existência foi através dos diários e revistas vocacionados para as questões económicas numa altura em que o Governo de José Sócrates embatia fragorosamente na crise internacional suscitada pela falência do Lehman Brothers. A exemplo de outros comentadores quanto ao que então ocorria, álvaro santos pereira era dos tenores com voz mais sonante entre os que faziam de conta que as influências externas nada contavam para os problemas progressivos por que passavam os portugueses e apontavam a mira exclusivamente ao então primeiro-ministro.
Ora, numa sociedade muito pacóvia, a condição de professor universitário no Canadá dava a álvaro uma cátedra, que a maioria considerava inquestionável.
E então, quando a exemplo do comentador-taxista da SIC, que acaba de lançar um livro para o mesmo público-alvo, começou a publicar títulos para as montras das livrarias, as salas dos Conselhos de Administração de muitas empresas encheram-se de júbilo, ao surgir como cada vez mais próxima a anunciada defenestração do odiado líder socialista.
Pessoalmente eu via-me em situação delicada, quando diretores e administradores do grupo aonde era gestor, afrontavam o meu confesso socratrismo utilizando os supostos axiomas defendidos pelo iluminado emigrante de Vancouver.
Quantas vezes pensei no provérbio «o primeiro milho é para os pardais»!
Agora, com a saída de álvaro pela porta das traseiras da Horta Seca, convertido em cometa estilhaçado, evoquei esses tempos em que a sua imagem era idolatrada como se de salvador da Pátria se tratasse. E ei-lo condenado a viver doravante de glórias passadas!
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