Impressiona-me como alguns comentadores televisivos, que costumo ouvir com algum respeito (clara ferreira alves, pedro marques lopes, e david dinis entre outros) desqualificam a possibilidade de irmos para eleições sob o argumento de que António José Seguro será um líder incapaz de corresponder às circunstâncias especiais em que se encontra o país, estando condenado a replicar o que esta gente irresponsável tem feito nos últimos dois anos.
Enquanto socialista sou insuspeito de simpatias pelo atual secretário-geral: nunca votei nele nas eleições internas e continuaria a seguir a mesma regra nas que agora pudessem ser convocadas.
Posso reconhecer-lhe uma enorme capacidade de trabalho, que o leva a percorrer o país de lés a lés e a conhecer os militantes mais anónimos do partido, mas não lhe conheço uma Visão Estratégica como a que era assumida pela liderança anterior.
Nesse sentido considero que os socialistas em particular e os portugueses em geral acabaram a perder.
Mas, no entanto, comparar passos coelho com António José Seguro não faz qualquer sentido por muito que, um e outro, tenham vindo do alfobre das jotas (mas porque terá essa razão ser necessariamente desqualificadora?). É que, enquanto o atual primeiro-ministro já provou ser incapaz de liderar o que quer que seja, mentir com todos os dentes e dar as piruetas necessárias para conservar o poder custe o que custar aos direitos da generalidade dos portugueses, nenhuma dessas características específicas são associáveis a António José Seguro.
Podemos não gostar de algumas figuras, que o rodeiam (a começar por assunção ribeiro e a acabar em álvaro beleza), ou da forma como permitiu que os tontos paradas se sobrepusessem localmente aos competentes Guilhermes Pintos, mas nunca revelou ser mentiroso nem contorcionista.
Ficam fundadas dúvidas quanto à coordenação das competências de uma equipa pluridisciplinar como é um ministério, mas quantas vezes o hábito faz o monge e os líderes fortes emergem de inesperadas expectativas abaixo do que mostram vir a ser capazes?
Seguramente (no sentido lato e no restrito) nada seria igual se o país fosse a eleições neste momento e o Partido Socialista merecesse o voto maioritário dos portugueses.
Não seria o tempo das cerejas, nem sequer a aproximação à terra prometida, mas haveria por certo um maior respeito pelos portugueses e uma maior resistência às pressões indecentes da troika.
É por isso que, apesar das rebarbativas palavras contra o (des)governo atual, tais comentadores acabam por se revelar seus aliados objetivos. Porque alinham na falsa tese dos apocalipses eleitorais e conjugam esforços para que tudo continue na mesma, com a pauperização da generalidade dos cidadãos para que os beneficiados com esta crise continuem a acumular riquezas à sua pala!
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