sábado, 16 de março de 2013

POLÍTICA: A penalização pelo voto


É uma experiência que me vem frequentemente à mente e ajustada aos tempos atuais.: na década de 90 do século transato, calhei estar em Montréal no fim-de-semana das eleições legislativas, que penalizaram ostensivamente o partido conservador, então no poder.
Habituados às políticas progressistas de Pierre Trudeau, os canadianos sentiram-se tentados a apostarem na direita e o mandato desta foi tão ultrajantemente nefasto que, nas eleições seguintes, ela passou de duzentos e muitos deputados para … um só!
Vem isto a propósito desta última sondagem da Universidade Católica, que dá o PSD a subir quatro por cento nas intenções de voto, enquanto os partidos da oposição descem ou ficam na mesma. A incredulidade perante essas previsões foram seguidas de múltiplas explicações, mas maioritariamente orientadas para a incapacidade do Partido Socialista em conseguir atrair a si os descontentes.
Será assim? Ou ainda fará algum sentido para os mais inocentes esse discurso da pesada herança socratista reivindicada pelos cúmplices de passos coelho? Uma mistificação que António José seguro nunca deveria ter deixado lavrar-se nos espíritos dos eleitores, mas a que deu cobertura como se só se legitimasse em rutura com o passado recente...
Coincidindo essa sondagem com a elucidativa conferência de imprensa de vítor gaspar em que este mostrou estar completamente á deriva, tentando divisar a costa para  procurar navegar á vista, mas deparando com tal nevoeiro, que já não sabe que direção tomar, o que se espera do eleitorado português é uma lição á canadiana aos algozes das suas melhores esperanças.
Otimista por natureza, é essa a condenação, que espero ver concretizada já a partir de setembro: derrotada nas autárquicas e nas europeias, a direita não deverá aguentar-se por mais tempo. Então, quando convocadas as legislativas, deverá ser copiosamente massacrada. Esta sondagem será então lembrada como a última, que ainda permitiria à direita alimentar a ilusão de conseguir ressuscitar da sua morte anunciada.
Será essa a altura para a esquerda mostrar-se à altura das circunstâncias unindo-se em torno do máximo denominador comum - a renegociação da dívida e dos respetivos juros, a defesa do Estado social, uma política de crescimento potenciada por investimento público, a dinamização do consumo interno - e diluindo as divergências, que tanto têm beneficiado a direita.
Será uma ocasião única e imperdível. Porque se voltar a falhar esse reencontro com a História, a derrota será inevitável. E é um facto que, hoje, depois de tão pungente derrota, a direita está de novo á frente do governo canadiano. Para voltar a aplicar as medidas antipopulares, que não conseguira concretizar anteriormente!

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