No segundo volume do «Quarteto de Alexandria», retoma-se a história de «Justine», mas numa perspetiva diferente. Darley conserva a função de comentador, a sua ligação com Justine mantem-se central, assim como as mesmas personagens satélites.
Mas se as personagens e os acontecimentos de «Justine» são os mesmos, suscitam por seu lado novas interpretações: a morte de Melissa, a loucura de Nessim ou a fuga de Justine perdem relevância em proveito da amizade de Justine com Cléa ou o encadeamento de factos para conduzirem ao casamento de Nessim e de Justine. Persiste, por seu lado, a importância de Alexandria enquanto espírito do lugar, bem como a importância da criação artística: Cléa, Pursewarden, Darley e Balthazar são artistas.
Balthazar vem sublinhar a instabilidade dos factos e a necessidade - para quem o desejar! - de reajustar o seu ponto de vista como se o primeiro romance tivesse desviado o leitor para pistas secundárias. Assim, Melissa, que detinha então um papel fundamental, é aqui reduzida a um ser por quem se sente apenas compaixão, enquanto Arnauti e Pursewarden vêm os seus papéis trocarem-se de um para o outro romance.
Balthazar parece operar um restabelecimento salutar da verdade: cada personagem torna-se na origem de acontecimentos que afetam outras personagens, o que se traduz pela constatação de não existirem aqui papéis secundários.
Ainda está por concluir a educação de Darley, mas ele já começa a expressar-se de acordo com o artista moderno definido por Pursewarden como o ser humano inteiramente vivo.
A exemplo de Justine, Balthazar conclui-se pela visão passiva e solitária de Darley, que não permite imaginar como evoluirá o futuro.
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