É conhecido o papel mais do que suspeito, que as agências de rating desempenham no mundo da finança. Empresas privadas, que definem a classificação de países soberanos e de empresas de acordo com os interesses dos seus acionistas - também eles atores nos jogos especulativos dos mercados financeiros - elas vêm sendo insuficientemente denunciadas pelo seu papel de baluartes de um capitalismo decadente decidido a buscar a sobrevivência na sua versão mais gangsterizada.
Mas, como a manifestação de 2 de março apertou um pouco mais o garrote social, que se aperta em torno deste mais que isolado (des)governo, qualquer apoio momentâneo é por ele apresentado como forma de legitimar os benefícios das suas políticas. Daí a festiva abertura dos telejornais com a revisão da classificação de lixo da dívida portuguesa pela Standard and Poor’s como se se tratasse da salvação da Pátria. De entre esses noticiários televisivos realce-se o servilismo do da RTP pela voz de José Rodrigues dos Santos. Após a tomada de assalto pelos cúmplices de relvas, o canal público excede-se na manipulação das notícias de modo a fazê-las favorecer o provisório dono das suas acomodadas vozes.
Por outro lado pressente-se que, no outro lado do Atlântico, os senhores do capital estão atentos à evolução dos seus negócios, não lhes passando despercebidas as marés de descontentes, que de norte a sul do país, sem esquecer as Regiões Autónomas, ameaçaram a continuidade das suas marionetes locais. E terão pensado que a forma de evitar-lhes a merecida sorte dada a quem não tem escrúpulos em lesar os seus concidadãos desde que salvaguarde os sacrossantos «direitos» dos credores, seria dar-lhes o aconchego de uma benesse inconsequente para que servisse de ilusório cartaz de propaganda com que se procure enganar os incautos.
Não espantará que os mais ingénuos ainda vão-se deixando embalar pela história dos sacrifícios recompensados! Mas, como os desempregados continuarão sem emprego, os precários sentirão a espada de Dâmocles diariamente apontada ao seu peito e os reformados e pensionistas terão cada vez maiores dificuldades para satisfazer as despesas com a alimentação e a saúde, esta mistificação durará uns meros dias. A contestação segue dentro de momentos...
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