O ensaio «La Vérité sur le Cholestérol», acabado de publicar em França, pretende demonstrar a falsidade de muitos dos conceitos vigentes sobre o colesterol no corpo humano e de como constitui uma autêntica fraude a utilização das estatinas para o diminuir.
O que Philippe Even, seu autor, denuncia é uma indústria farmacêutica sem escrúpulos, apenas apostada em gerar lucros para os seus acionistas, mesmo se os benefícios dos medicamentos para os pacientes sejam nulos ou, mesmo, contraproducentes.
Para o Professor Philippe Even, o colesterol é a mais nobre, bela e indispensável das nossas moléculas. Desempenhou e desempenha ainda um papel essencial na evolução da vida na Terra e na proteção das nossas células contra o oxigénio, que tende a queimá-las. Hoje ela assegura a robustez das membranas dos nossos milhares de milhões de células. Sobretudo as musculares, cardíacas e nervosas. Permite a estabilidade dos recetores hormonais, imunológicos e neurológicos.
Sem colesterol não existem recetores, nem sinais, nem comunicação entre as células. O colesterol é, assim, um transportador de gorduras, mas não é em si uma gordura. É também a fonte da cortisona, a hormona do stress, de todas as hormonas sexuais masculinas e femininas, da vitamina D, que protege o nosso esqueleto. Ademais é a molécula mais difícil de produzir.
Mas, por outro lado, essa preciosa molécula nunca é destruída, já que é continuamente reutilizada e reciclada. Aquando do seu fabrico, também é produzida outra importante molécula: o mevalonato que, pelo seu lado, vai controlar o crescimento celular, a inflamação e a construção do osso.
As estatinas - tomadas em medicamentos como o Crestor - bloqueiam simultaneamente o fabrico de colesterol e do mevalonato, com consequências extremamente gravosas se tomadas em grandes dosagens.
Estes dados elementares são frequentemente ignorados pelos médicos e pelos cardiologistas, que prescrevem estatinas e nem todos possuem qualquer formação em bioquímica.
O prof. Even também denuncia a fraude criada pela indústria farmacêutica, que consiste em falar da existência de um bom e de um mau colesterol: Fabricado a 90% no fígado, o colesterol é transportado aos tecidos dele carentes pelo que se designa os LDL (Low density lipoproteins). É o colesterol indispensável que a indústria batizou de «mau» colesterol. Tudo o que não é utilizado nos tecidos regressa ao fígado, trazido de volta pelos HDL (High-density lipoproteins). É o que se batizou como «bom» colesterol. Daí volta a partir para os tecidos para regressar em seguida ao fígado. Num ciclo incessante…
Mas, afinal, o que levará os médicos a receitarem quantidades volumosas de estatinas: É devido a uma insondável credulidade e de uma confiança quase religiosa no dogma estabelecido. E talvez ao facto de serem sistematicamente enganados pela indústria farmacêutica.
Na sua análise a 46 dos maiores estudos efetuados sobre 230 mil pacientes, todos financiados pela indústria, exceto três - por coincidência os únicos, que não encontram qualquer interligação entre valores altos de colesterol e taxa de mortalidade - o Prof. Even constatou falsificação de resultados em escala surpreendente: na seleção dos pacientes, nos critérios de avaliação do medicamento, na eliminação dos resultados negativos, nos métodos fraudulentos de utilização das estatísticas e no enviesamento das conclusões, até chegarem a conclusões de redução da mortalidade entre 10 e 20%.
Depois do estudo vem a redação do artigo, assumido pelos médicos assalariados pela indústria para aí produzirem uma cascata de mentiras.
O artigo compõe os resultados do estudo, já de si otimizado. Segue-se um resumo que só retém o que favorecer a utilização das estatinas.
O resumo conclui com um pequeno texto de três linhas, que ainda vai mais longe e direciona o título escolhido.
Tudo isso é precedido de um editorial triunfante, redigido por um líder de opinião universitário financiado pela indústria, que ainda doura mais os maravilhosos resultados. O método é notavelmente eficaz, porque a maioria dos cardiologistas só leem o resumo e até só por vezes o título e o editorial, já que se mostram convencidos à priori.
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