A primeira vez, que contactei com a teatralidade do universo do encenador Rogério de Carvalho foi antes do 25 de abril quando, conjuntamente com alunos da Escola Emídio Navarro, em Almada, levou à cena o espetáculo «Morte e Vida de Severina».
Curiosamente, mais de quatro décadas depois, pode-se dizer que as preocupações e alguns dos modelos de representação continuam presentes nesta peça interpretada pela GRIOT e apresentada no fim de semana transato no Teatro Meridional.
Admito algum desconcerto ao longo dos cinquenta minutos de duração da peça, porque as fronteiras desaparecem e um homem pode representar um papel feminino e vice-versa e as preocupações vão passando de personagens para personagens. Existe a violência, a luta pela sobrevivência, a dificuldade de comunicação dentro do casal e fora dele. E muitos sons. De vozes e não só. Que falam a sós ou em coro. E fica a perceção de um mundo de sofrimento coletivo donde parece erradicada a esperança…
Faz escuro nos olhos e a luz parece tão mortiça, tão distante...
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