Em Mountolive, Darley apaga-se enquanto narrador em proveito do romancista omnisciente naquilo que é, segundo Durrell, um romance objetivo, naturalista onde o narrador de Justine e de Balthazar torna-se objeto, ou seja, personagem.
Mountolive não fornece, porém, a chave para o conjunto da tetralogia, mas tão só uma terceira perspetiva sobre os acontecimentos anteriormente descritos.
O romance inicia-se com a chegada do jovem Mountolive ao Egipto … num passado mais recuado do que o dos seus dois predecessores.. Torna-se amigo de Hosnani, o amante da sua mãe, Leila, que lhe ensina o que a educação britânica negligencia e faz dele um homem.
A carreira diplomática leva-o para longe de Alexandria antes de aí voltar como embaixador.
Personagem edipiano, Mountolive encarna a «morte einglesa do Caderno Negro: perde, pouco a pouco, as ilusões ao descobrir a verdadeira personalidade dos amigos. Justine espia-o, trama-se uma conspiração. Pursewarden, o seu adjunto, suicida-se. Mountolive denuncia Nessim cujo irmão Narouz, vitima das intrigas alexandrinas, morre assassinado.
Através das reviravoltas induzidas pelas novas versões de factos antigos, o leitor consegue compreender finalmente as intenções de Durrell: mesmo tendo sido necessárias centenas de páginas para entender a futilidade das testemunhas, o leitor terá participado na criação do romance.
Se os três primeiros volumes do Quarteto são «irmãos de sangue» e não propriamente continuações uns dos outros, o espectador fica ansioso por ler o último volume, que representará o Tempo e será uma verdadeira sequela.
Sem comentários:
Enviar um comentário