A compositora Kaija Saariaho conta que a ideia para um monodrama para solo de piano já a ocupava desde 2001, embora não pudesse ainda perspetivar qual seria a história e a duração da obra.
À partida queria tratar do tema de uma mulher à espera de um veredicto médico durante uma longa noite até ao romper da madrugada. Ora, lera sobre a vida de Émilie du Chatelet num livro de Elisabeth Badinter, que a fascinara ao ponto de levar a sugeri-la enquanto protagonista a Amin Maalouf, a quem contactara para escrever o libreto.
O formato do monodrama permitiu-me experimentar uma nova configuração para a ópera. As dificuldades e os desafios são bastante diferentes dos de uma ópera com muitos protagonistas na qual as interações humanas podem criar diferentes eventos e tensões dramáticas gerando, naturalmente, contrastes numa partitura musical. Com uma só personagem, no entanto, têm que ser encontradas outras soluções dramáticas e musicais. Assim, neste monodrama, eu trabalhei um retrato, tentando fazê-lo tão rico e vivo quanto possível para que os contrastes emanassem deste ser único.
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