terça-feira, 5 de março de 2013

MEDICINA: É o colesterol um inimigo imaginário?


A pergunta é feita há três edições atrás da revista «Nouvel Observateur» aonde Anne Crignon coordenou um dossier bastante interessante sobre o assunto.
Aqui ficam algumas das interessantes informações aí inseridas.
O colesterol  não seria um inimigo do organismo? Não seria o responsável pelas crises cardíacas e pelos acidentes vasculares cerebrais, pelo que força-lo a baixar não faria afinal mal à saúde?
O colesterol bloqueia as artérias - era o que todos diziam. Com a aproximação dos 50 anos, seria necessário comer cada vez menos gorduras animais para proteger o coração e avançar para um tratamento preventivo se o seu valor se tornasse demasiado elevado. Chamava-se a isso um consenso…
Mas para Philippe Even, que acaba de publicar  «La Vérité sur le Cholestérol», as estatinas, esses poderosos redutores de colesterol só beneficiam as indústrias farmacêuticas, já que significam anualmente um volume de negócios de 25 mil milhões de dólares.
O texto do antigo reitor da Faculdade de Medicina Necker vem reiterar as suspeitas já emitidas em 2002 pelo sueco Uffe Ravnskov com o seu «Mythes du cholestérol», que já denunciava o facto de nada na literatura científica provar a existência de uma interligação entre o nível de colesterol e a aterosclerose.  O diabólico colesterol , bloqueador de artérias seria de facto um mito.
Even e Ravnkov defendem não existir qualquer benefício para a saúde  pelo facto de se baixar o nível de colesterol, exceto se enfrentarmos alguns casos genéticos de hipercolesterolomia.
Ravnskov vai mais longe: estamos perante o maior erro de diagnóstico da História da Medicina. E outro cardiologista, Michel de Lorgeril, do CNRS de Grenoble, acrescenta que uma manipulação dos médicos e da opinião, conduzida pela falsificação maciça numa imprensa médica vergonhosamente pró-laboratórios farmacêuticos é destinada a potenciar o crescimento do mercado dos medicamentos e, colateralmente, o dos produtos magros do setor agroalimentar.
Por exemplo o estudo Jupiter publicado em 2008, dedicado á mais recente das estatinas  - o Crestor da AstraZeneca (7,3 mil milhões de dólares de volume de negócios) mostra que nos dois grupos de pacientes,  quer nos sujeitos ao tratamento com o medicamento, quer no dos levados a ingerir um placebo, o número de óbitos é … o mesmo! Ou seja, os pacientes com estatina viam baixar significativamente a sua taxa de colesterol, mas não morriam menos por isso.
Até então convencidos  em como as empresas do medicamento atuam para o bem comum, os pacientes começam a olhá-las como aquilo que são: multinacionais como as outras, com acionistas mais exigentes quanto às curvas de vendas do que quantos aos reais benefícios dos mistérios da química molecular.

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