Em 2013, Martin Kippenberger teria comemorado 60 anos, se não tivesse desaparecido precocemente em 1997 devido a uma vida excessiva.
Por todo o edifício do Hamburger Bahnhof exibe-se atualmente a espantosa diversidade da obra do artista, que não pode ser dissociada da sua biografia. Ele foi pintor, ator, escritor, músico, dançarino, viajante, e ao mesmo tempo um sedutor alcoólico e rebelde. Foi, em suma, um "exibicionista", como ele próprio se reconhecia, sendo considerando atualmente um dos mais importantes artistas da sua geração.
"Martin Kippenberger: sehr gut" não pretende ser uma retrospetiva, mas tão só uma aproximação à personalidade pública e privada do artista, que teve um auge criativo nos três anos vividos em Berlim Ocidental entre 1978 e 1981, quando anunciou que a cidade "precisava de uma nova camada de tinta".
Nessa época ele fundou uma espécie de Factory à alemã, a S036, que era uma espécie de clube punk. Data de então uma importante colagem, tipo passarela, com 1300 fotos ambientadas nas obras da estilista Claudia Skoda.
Anterior a essa criação é a série "Uno di voi, un tedesco em Firenze" (1976-1977) quando ainda era um pintor com métodos aparentemente convencionais (óleos em tela). Vivendo então na miséria ele trocou muitos desses quadros por comida e bebida no lendário paris Bar.
Com a série "Lieber Maler, Male Mir" (1981), ele subverteu o estereotipo do artista ao encomendar imagens de grande formato a um pintor de poster cinematográficos.
Apesar de serem, então, frequentes as críticas negativas às suas obras - como sucedeu com "Martin, ab in die Ecke und schäm dich" (1989),- ele conseguiu sempre emergir algo de positivo.
Obra raramente vista e, igualmente exposta, é a de uma instalação frequentemente referida "Pinturas Brancas" (1991) exposta no primeiro andar do edifício principal: 11 telas brancas que estão embutidas na parede, como se se integrassem nela.
Sai-se da exposição com a noção da permanente ironia de Kippenberger embora se torne, igualmente, evidente que ele procurara responder pela arte aos seus problemas de dependência. A consciência desse problema levá-lo-ia a representar-se como náufrago da célebre obra de Géricault de 1819, já inchado, envelhecido e exausto, naquele que seria o seu mais trágico autorretrato dos muitos em que se tomou como modelo.
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