Ontem, na sua coluna semanal no «Diário de Notícias», Pedro Marques Lopes refletia sobre os receios de muitos quanto à probabilidade de uma crise política a curto prazo. E dizia o óbvio: não é a crise política, que vem aí, já que ela há muito que está cá!
Mas, atenhamo-nos ao texto do conhecido e ex-votante neste PSD: ‘ai meu Deus, uma crise política. Mas há maior crise política do que manter em funções um Governo que pelas suas próprias decisões políticas nos trouxe até aqui? Há maior crise política do que manter um Governo que ainda pensa que este caminho é o certo? Manter tudo como está, essa, sim, será uma colossal crise política.’
E, em consonância com esta mesma posição ouvimos hoje Arménio Carlos exigir eleições antecipadas, porque o país não aguenta mais três meses desta política, exigindo-se do presidente da república um comportamento à altura do que se espera da sua função, por muito que a ela se venha eximindo.
Porque, quer vitor gaspar na conferência de sexta-feira, quer passos coelho na sua acossada alocução desta manhã para uma sala às moscas, mostraram, até pela postura corporal, o quanto já se sentem derrotados e incapazes de contrariarem a rápida precipitação no abismo deste país, cuja economia defenestraram em nome dos seus atavismos ideológicos.
Bem pode frasquilho ou o anão da trofa virem invocar as responsabilidades de Sócrates no memorando inicial, que já a poucos enganam: como lembrou Miguel Sousa Tavares no Jornal da Noite da SIC, não só o anterior primeiro-ministro resistiu até mais não poder a que viesse a troika, como se viu sujeito a pôr a assinatura num acordo negociado entre teixeira dos santos e catroga e ao qual passos coelho criticava ainda a pouca ambição nas medidas e objetivos a cumprir. Como dizia o então candidato a primeiro-ministro, não só o memorando da troika integrava o programa do PSD, como este se propunha a ir ainda mais além do que nele se acordava.
Não é, pois, com tão despudorada argumentação, que o PSD e os seus cúmplices na coligação se livrarão das consequências da trágica herança, que legam ao próximo governo. Ao qual cabe lançar as bases para o crescimento, para a criação do emprego e para o reequilíbrio das relações sociais tão escandalosamente colocadas a favor dos soares dos santos, dos belmiros ou dos espíritos santos.
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