A expressão «XX Congresso» apela a reminiscências interessantes para quem se interessa por um pouco de História. No ano em que nasci - 1956 - ocorreu o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética no qual Nikita Kruschev pôs um ponto final na linha anteriormente seguida por Estaline.
Independentemente do juízo de valor, que se possa ter sobre esse acontecimento, ele ficou na História do século XX como um dos seus mais marcantes pontos de viragem.
Transitando agora para outro XX Congresso, desta feita o do Partido Socialista, só posso congratular-me enquanto militante por ele ter excedido as minhas já elevadas expectativas. De facto, muito embora o sucedido com José Sócrates tenha estado presente na mente de todos quantos ali fomos participar como delegados ou espectadores, não condicionou de forma alguma o sucesso dos trabalhos, que representaram um passo em frente para a desejada maioria absoluta, de que o país está tão carecido. Porque só um governo sustentado numa maioria política e social muito representativa poderá concretizar as medidas necessárias para que se corrijam as desigualdades acentuadas nestes três anos e se consiga a política de crescimento económico capaz de devolver a esperança aos portugueses.
Essa foi até uma das frases emblemáticas deste Congresso, primeiro proferida por Manuel Alegre e depois retomada no discurso final de António Costa: o pior que o governo de passos coelho fez aos portugueses foi privá-los do direito à esperança num futuro melhor para si e para os seus filhos! E esse será o primeiro direito a resgatar na própria noite em que António Costa for consagrado como o próximo primeiro-ministro de Portugal.
Muito embora as televisões generalistas tenham dado uma importância imerecida às reações dos convidados dos outros partidos, que estiveram presentes na sessão de encerramento deste domingo, foi pena que não tivessem possibilitado a todos os portugueses o acesso pleno aos dois discursos de António Costa, cingindo-o apenas aos clientes das televisões por cabo. Porque essas notáveis dissertações conseguiram explicar cristalinamente as diferenças abissais entre os socialistas e a direita. Nesse aspeto, passos coelho tem absolutamente razão: «os políticos não são todos iguais!», mas em vez de utilizar abusivamente a expressão para tentar mais uma canelada traiçoeira no seu antecessor, ele deveria ter presente quanto ela faz sentido pleno se o compararmos com António Costa. Porque não tem qualquer capacidade para criar uma estratégia de saída do país, enquanto o novo secretário-geral socialista apresenta uma Visão bem sustentada em argumentos sólidos sobre os rumos a dar à boa governação do país. Porque só se preocupa com os credores e com os que olham avidamente para as derradeiras joias da Coroa do que foi o outrora relevante setor empresarial do Estado, enquanto o seu mais do que provável sucessor preocupa-se com as pessoas, com as que não têm emprego e com as que mal sobrevivem com as pensões de miséria, com as crianças com fome e com os jovens sem emprego, com os que querem ter direito a serem pais adotivos e com as mulheres vítimas de violência doméstica, entre muitas outras carecidas de soluções para os seus problemas pessoais.
Poderíamos dizer que se trata de comparar um tecnocrata com um humanista, mas nem disso se trata: passos coelho nem àquele epíteto poderá aspirar, ele cujos traços de carácter vão sendo definidos entre a repugnante sonsice e a miopia mais absoluta.
António Costa começou agora a longa jornada para a tal manhã límpida, que nos fará sair de vez desta opaca noite onde tantos têm padecido. Nele encontrarão o rosto de uma reencontrada esperança! E esse também será um brilhante ponto de viragem na História do século em que vivemos!
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