O texto assinado pelo artista plástico Leonel Moura na edição de sexta-feira do «Jornal de Negócios» diz tudo quanto eu penso sobre o caso de José Sócrates: da forma como foi detido, acusado e encerrado em Évora em prisão preventiva, ele faz jus à memória de outros tempos, quando o salazarismo tratava de expedir sumariamente para o Aljube ou para Caxias, quem lhe caía nas garras. Sem justificação, sem direito a um tratamento minimamente justo. Na sua arrogância, carlos alexandre equipara-se aos juízes do antigo Tribunal da Boa Hora, que não precisavam de se justificar para silenciar os oposicionistas nas prisões do regime.
Compreende-se, pois, a indignação de Mário Soares perante tal infâmia. Não foi ele quem testemunhou e procurou defender os presos desse tempo de abuso policial e judicial, que julgávamos definitivamente banidos da nossa realidade?
O que Leonel Moura escreve, subscrevo-o por inteiro: “Não acredito na culpabilidade de José Sócrates. Não acredito que seja corrupto ou que tenha desviado dinheiros. Continuo também a pensar que foi o melhor primeiro-ministro que Portugal teve desde o 25 de Abril. Facto que, em parte, justifica porque foi e é tão atacado. São muitos os portugueses que apreciam a mediocridade, que odeiam quem faz e têm como única atividade o dizer mal de tudo. Infelizmente faz um género. Bem conhecido. “
E tal como ele também acredito na justeza da forma como António Costa trata este caso: os dirigentes socialistas têm a responsabilidade de resguardarem as emoções para garantir que se salvam as aparências do Estado de Direito, que aqui parece tão posto em causa.
Mas nós, os militantes de base, não podemos calar a revolta quando ouvimos barbaridades a sair da boca desses que apenas apreciam a mediocridade e tanto se sentem confortados enquanto fossam na imundície, que lhes garante as imerecidas prebendas de quem se vende por meros pratos de lentilhas!
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