O texto de Miguel Sousa Tavares intitulado «A Prisão e o Poder», hoje publicado no «Expresso», está na linha da condenação que o escritor e jornalista tem verbalizado a propósito da desigualdade entre o que a acusação tem feito publicar nos pasquins do costume e o que a defesa tem sido impedida de responder no caso da detenção de José Sócrates. Como refere no artigo “o que incomoda o tribunal não é que Sócrates pudesse perturbar a investigação. (…) O que os incomoda é que, falando, Sócrates pudesse perturbar a verdade estabelecida e divulgada publicamente pela acusação. Assim, é, sem dúvida, mais fácil acusar, formar a opinião pública e condicionar a própria convicção do tribunal no julgamento.”
Passando-se semanas sem que nada de novo se saiba a respeito do que motivou rosário teixeira e carlos alexandre a humilharem e silenciarem o antigo primeiro-ministro, confirma-se a dificuldade em encontrarem matéria de facto para avançarem com a fundamentação do seu julgamento. Por muita confusão, que continuem a querer estabelecer na opinião pública, o “caso” que especularam tem sérias fragilidades para não ser facilmente desmontado pela defesa. Resta-lhes, então, uma única arma, que estão a usar e a dela abusar: prolongar a prisão preventiva o mais possível para cristalizar nessa mesma opinião pública a suspeita de que, mesmo não havendo provas que o incriminem, José Sócrates é efetivamente culpado.
Julgam assim conseguir os dois objetivos a que, desde o início, se terão proposto: dificultar a eleição de António Costa como próximo primeiro-ministro e impedir o agora detido de voltar a desempenhar funções públicas no futuro.
Milhares de portugueses indignados com tudo quanto tem sucedido nestas cinco semanas esperam que vejam essa estratégia ruir fragorosamente, arrastando consigo quem a congeminou!
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