Confesso ter ficado desconcertado da primeira vez, que vi João Araújo na televisão, estava José Sócrates a ser sujeito ao processo da sua humilhação, que carlos alexandre perpetrava no interior do Campus da Justiça.
Dado esperar que o advogado fosse Proença de Carvalho não quis crer naquele que os repórteres televisivos davam como seu possível defensor.
Desde então, apesar da gravidade de tudo quanto tem ocorrido neste processo, reconheço que João Araújo tem-me dado bastante satisfação quanto à forma como reage aos jornalistas. Como podemos esquecer aquele momento em que, de saco plástico na mão, rejeitou responder-lhes, dizendo-lhes ser tão só “aquele que tinha ido buscar o almoço”?
Equiparado a ele só Pinto da Costa quando à porta do Estabelecimento Prisional de Évora disse a um dos jornalistas ir ver se estava lá algum dos seus familiares.
Todos esses sucessivos episódios mediáticos abriram justificada expectativa para a entrevista de ontem na TVI. É que, apesar de condicionado pelas restrições impostas pela Ordem dos Advogados quanto a abordagens do processo, João Araújo deu um autêntico baile a judite de sousa, que se viu em palpos de aranha para conseguir algo que se assemelhasse a uma novidade.
De importante ficou a confiança do causídico na qualidade dos argumentos apresentados no seu recurso e a declaração de admiração pelo cliente, que além de inocente de tudo quanto o acusam, também terá sido um primeiro-ministro excelente.
Para os que se deixaram manipular pela desinformação dos tabloides, talvez João Araújo não tenha sido suficientemente convincente já que o seu sentido de humor é só para gente inteligente. Num certo sentido tenho até dúvidas que aquela referência ao bronzeado de José Sócrates como se estivesse nas Caraíbas haja sido entendida na sua ironia pelos que se deixaram embalar pelas difamações e mentiras dos tais pasquins.
Mas, apesar de detido e silenciado, o antigo primeiro-ministro teve uma semana positiva: continua a ser visitado por amigos de prestígio, que lhe servem de testemunhas abonatórias perante a opinião pública. E os sinais de desnorte na acusação vão sendo notórios: não será por falta de provas para levarem o caso a julgamento, que se vão repetindo buscas aqui e acolá (mesmo a sítios onde já tinham estado!) como se o terreno lhes ande a fugir debaixo dos pés e, em desespero de causa, procuram indícios nas mais variadas direções?
Não será precisamente por nada haver que incrimine o detido, que carlos alexandre negou à defesa o legítimo direito de consulta a todo o processo?
E não é medo, que terá levado o mesmo carlos alexandre a exigir mudar-se para o bem mais protegido Palácio da Justiça ou a proibir a entrevista do «Expresso» àquele que tão grosseiramente injustiçou?
Lapidar foi a resposta de João Araújo, quando a entrevistadora o questionou a propósito de vir a verificar-se ou não o julgamento. E ela foi um rotundo Não.
A contagem decrescente para o desmascaramento de uma tremenda infâmia está a acelerar-se!
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