domingo, 21 de dezembro de 2014

O Tea Party à portuguesa!

No meio das notícias, que se têm sucedido nos últimos dias, há três insuficientemente realçadas, mas merecedoras da nossa melhor atenção.
A primeira aconteceu na Assembleia da República onde uma intervenção do deputado comunista Paulo Sá foi efusivamente saudada pelas palmas das bancadas do PSD e do CDS.
Já conhecíamos a facilidade com que o PCP se alia à Direita para atacar o PS, e até já víramos exemplificadas muitas coligações aparentemente contranatura , mas sempre no mesmo sentido. Verificar como ela surge de forma tão evidente no principal palco da Democracia portuguesa deveria fazer pensar muitos dos que têm apostado na inflexibilidade doutrinária de Jerónimo de Sousa em vez de se fazerem perguntas tão simples como estas: os professores tiveram algum ganho com a ação de nuno crato à frente do Ministério da Educação depois da guerra sem quartel que Mário Nogueira os fez mover contra Maria de Lurdes Rodrigues ou Isabel Alçada?  Os portugueses mais desfavorecidos, que supostamente são por eles representados, saíram beneficiados no que quer que seja com a coligação do PCP e do BE com a Direita para fazer cair o governo de José Sócrates em 2011?
É lamentável que, embora sucessivas eleições demonstrem a maioria sociológica da esquerda, continuem a ser dadas à Direita a hipótese de governar contra o interesse da maioria dos portugueses só porque o PCP e o BE continuam agarrados aos preconceitos que, aparentemente os situam ideologicamente à esquerda, mas os tornam cúmplices efetivos do pólo político de sinal contrário. Infelizmente verifica-se aqui a tal atração entre opostos, que politicamente desejaríamos não ter de comprovar.
A segunda notícia tem a ver com uma entrevista dada pelo inepto pedro lomba, de quem quase não ouvíamos falar desde o fiasco dos briefings. Agora, explanando o seu “brilhante” pensamento, ele propõe a seleção de entre os que procurem emigrar para Portugal. Não explica como faria essa escolha, mas tendo em conta a sua visão troglodita, podemos imaginar que ponderaria na possibilidade de pôr todos os candidatos a combaterem entre si na arena do Campo Pequeno para apurar os que ficassem de pé.
Numa altura em que o país conhece uma autêntica sangria populacional não deixa de ser ridícula a preocupação de lomba com quantos pretendam para aqui emigrar. Seria bem mais útil se se preocupasse em encontrar  forma  eficiente de promover o regresso dos jovens muito qualificados que o seu governo obrigou a emigrar. Mas essa é perspetiva incompatível com o que vai na cabeça de tal biltre. É que esta proposta converge com  as das várias forças de extrema-direita que nos vários países da União Europeia andam a cavalgar na onda do descontentamento popular com posições políticas de uma atroz demagogia. O assustador Farage não costuma falar de forma diferente!
A terceira notícia está diretamente relacionada com esta e dá conta do incómodo de alguns setores do PSD presentes na última reunião do seu concelho nacional, na qual passos coelho anunciou o que pretende concretizar em 2015. O que ali se ouviu assustou os que não se reveem na lógica de um Estado reduzido a quase nada, com as suas funções na Saúde, na Educação e na Segurança Social a ser concessionadas a privados.
A exemplo do que se passa no Partido Republicano dos EUA a direita portuguesa vê-se tomada de assalto pelo extremismo  vinculado ao «Tea Party» e que, a sair vitorioso, só conduziria a menos democracia e a muitas convulsões sociais. Os radicais que se apoderarem do PSD e, através dele, da governação do país, são extremamente perigosos. E precisam urgentemente de ser travados!

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