Tenho uma antipatia generalizada pelos deputados da direita e muito particularmente por carlos abreu amorim. Conservo registadas muitas das suas diatribes contra os governos de José Sócrates e, a partir de certa altura, escolhi o recurso ao zapping sempre que a sua figura salazarenta surgia no ecrã da televisão.
Na edição de ontem do «Público» uma chamada de primeira página convidava a olhar para o seu interior, onde mais do que entrevistado, o referido deputado confessava a epifania de que se sentira recentemente imbuído: perdeu a fé no liberalismo selvagem, execra hayek e friedman e proclama a importância do Estado na economia. Sem temer excesso de entusiasmo constatou a contradição entre os interesses das pessoas concretas e os resultados de uma ideologia apostada em delas se esquecer.
É claro que a minha opinião sobre tal personagem não mudou um milímetro até porque, liderando o PSD na Comissão do Inquérito Parlamentar ao ocorrido no BES, começou por manifestar surpreendente agressividade quando confrontou carlos costa com as suas contradições e logo arrepiou caminho para se concentrar em ricardo salgado e esquecer o governador do Banco de Portugal tão só lhe aconselharam juízo a partir de São Bento.
Será, por isso mesmo curioso analisar o seu discurso nos próximos dias: é que esta profissão de fé no anti neoliberalismo terá decerto os dias contados dado o completo desmascaramento de passos coelho quando, na última reunião do conselho nacional laranja, rivalizou com ted cruz ou com paul ryan na manifestação do seu ódio a tudo quanto cheire a intervenção do Estado na sociedade!
Cioso do lugarzinho arduamente conquistado na arena parlamentar, é crível que amorim regresse rapidamente aos seus antigos amores ideológicos.
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