quinta-feira, 3 de abril de 2014

CIÊNCIA: Atenção focada no Sagitário A

Sagitário A é o buraco negro, que está no centro da Via Láctea a 26 mil anos-luz da Terra. E, nos próximos meses, todos os telescópios estarão apontados na sua direção porque ele prepara-se para “jantar”: uma nuvem de gás está a ser sugada na sua direção a três mil quilómetros por segundo o que permitirá observar, durante cerca de um ano, o anel de detritos definidor do seu rebordo.
O que se espera é que nem toda essa matéria se precipite no buraco negro: pensa-se que a maior parte não passe da linha divisória separadora do seu interior de tudo quanto o rodeia. Será essa a matéria aquecida que, projetada no espaço sideral a enorme velocidade, formará novas estrelas, quando arrefecer a milhões de anos-luz dali. Uma forma permanente de rejuvenescimento do cosmos, que se presume infinito e intemporal.
Os astrónomos preparam-se, pois, para encontrar novas respostas sobre uma realidade astronómica, em que Einstein não quisera acreditar apesar de todas as suas fórmulas tenderem a demonstrá-lo: mas ele considerava que a Natureza não permitiria a existência desse fenómeno que só teve a sua designação atual a partir de 1967, quando John Wheeler assim o crismou numa palestra organizada pela Universidade de Columbia.
Apesar de já se formularem hipóteses sobre a existência dos buracos negros a partir do século XVIII, quando John Mitchell escreveu sobre essa possibilidade em 1783, só com a radiotelescopia se puderam encontrar provas inegáveis da existência desses objetos pesados, compactos e … invisíveis, já que a atração gravitacional impede a saída da luz nele existente.
No caso do Sagitário A sabe-se que terá um peso 4,3 milhões de vezes mais pesado do que o Sol.
No atual nível de conhecimento sobre buracos negros sabe-se que eles resultam da explosão de estrelas com massas vinte vezes maiores do que o Sol. Quando terão chegado ao desiderato da sua longa vida de milhões de anos elas terão desabado sobre si a temperaturas de 55 milhões de graus. Nessa altura fragmentos de ferro da dimensão do Evereste terão ficado compactados em dimensões de grãos de areia. Os átomos terão ficado estilhaçados nos seus eletrões, protões e neutrões, e depois em partículas ainda mais minúsculas: os quarks, os leptões, os gluões e muitas outras, algumas já conhecidas, e outras por desvendar.
Terá acontecido algo muito diferente do que sucederá ao Sol daqui a cinco milhões de anos quando, esgotada a matéria continuamente em fusão no seu núcleo, se transformará numa anã-branca perdida no espaço.
As investigações dos próximos meses poderão vir a dar respostas para umas quantas teorias, que estão à espera de factos passíveis de demonstrar-lhes a viabilidade concreta ou a sua negação. Por exemplo que, em vez de um universo, existe um multiverso, ou seja, uma vasta quantidade de universos. E que até seja possível a hipótese de, nós próprios, no nosso universo surgido há 13800 milhões de anos, estarmos inseridos dentro de … um buraco negro!


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