É preciso um enorme descaramento por parte dos detratores do Manifesto dos 74 para reivindicarem a imprescindibilidade de se pagar a dívida do Estado português aos seus credores nas condições em que estes impõem tal compromisso.!
De durão barroso a passos coelho, sem esquecer cavaco silva ou o despudorado catroga todos parecem ter uma única premissa nos seus neurónios: a satisfação dos exclusivos interesses desses peões de um jogo bem mais complexo em que todos os cidadãos portugueses também têm de ser tidos em conta. Ora, para a direita, que importa o empobrecimento e a miséria dos seus cidadãos se tiverem banqueiros e especuladores dos hedge funds satisfeitos? Até porque, nalguns casos - vide como arnaut foi convidado para a Goldman Sachs ou vítor gaspar para o FMI - eles revelam-se de uma prodigalidade prometedora para quem lhes servir de altifalante!
Muito embora o momento presente pareça favorecer essa direita dos interesses das plutocracias à escala global, a realidade é muito mais dinâmica do que essa aparência pressupõe. E a História está recheada de exemplos de como os copos enchem sempre e acabam por extravasar. Às vezes com uma violência inaudita para quem provocava o seu destino mandando comer brioches a quem nem sequer pão tinha.
No fundo os proponentes da Reestruturação da Dívida até estarão, porventura, a fazer um favor a quem anda a semear ventos cada vez mais tormentosos: a proposta em causa servirá precisamente para evitar que o copo encha até esse transbordar imprevisível.
Para já as evidências concorrem todas para uma conclusão: a dívida, tal qual está a evoluir, não consegue ser paga. A não ser que se prossiga a política de cortes e os portugueses adotem a passividade dos judeus que, no Holocausto, se deixavam encaminhar sem resistência para os campos de extermínio.
Mas se até os seus algozes acabaram por ser julgados em Nuremberga, julgarão os opressores de hoje que escapam a melhor sorte?
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