Uma vez revelado o espírito inventivo é fundamental patentear o que se descobre. Ora, nesse aspeto os norte-americanos têm uma enorme vantagem sobre os europeus: para eles basta o registo da patente num único Estado para acederem a um enorme mercado constituído por todo o território dos EUA, enquanto deste lado do Oceano será necessário registar essa invenção em cada um dos países da União Europeia.
Em princípio a validade de uma patente situa-se entre os dois e os vinte anos, consoante os custos que se queiram assumir com tal registo. O que coloca, de imediato, a questão da rentabilidade.
O desejável seria uma patente de âmbito mundial mas só no final deste anos estará prevista a emissão de tal documento para todo o espaço comunitário. Poupar-se-ão, então, os custos com as traduções, com os advogados e com as renovações. Mas trata-se de questão polémica, porque foi aprovado que essas patentes serão registadas em alemão, inglês e francês. Ora os italianos e os espanhóis torcem o nariz ao facto de verem preteridas as respetivas línguas. E de passos coelho nem indício sequer de também se preocupar por garantir o devido respeito à língua portuguesa...
Ben Scott enfatiza outra vantagem de que os norte-americanos dispõem: a capacidade para atraírem os cérebros mais inteligentes a nível mundial. Se se percorrerem as caixas do correio das mansões de Silicon Valley verifica-se que a maioria pertence a quem ainda ostenta orgulhosamente apelidos mais expectáveis noutras latitudes. Nos últimos anos muitos dos grandes negócios de aquisições de pequenas e médias empresas, reconhecidas pelas suas inovações, por parte das maiores do mercado resultaram do empreendedorismo de imigrantes e filhos de imigrantes, que chegaram aos Estados Unidos à procura do sonho americano. E que hoje são milionários conhecidos das páginas da «Forbes» e de outras revistas sobre o mundo dos negócios.
Hoje a Europa está a contrapor essa vantagem competitiva norte-americana com argumentos bastante fortes: a excelência do seu ensino público.
Isso é notório em França, onde o INSA de Estrasburgo está a conseguir fixar jovens doutorandos, que tinham começado por ambicionar diplomas de Universidades norte-americanas, mas cujo custo exorbitante, fez repensar nas suas opções. Hoje só em França já estão 230 mil estudantes universitários de outros países para aproveitarem as condições favoráveis ao exercício do seu talento. E trata-se de uma tendência em crescimento...
Também aqui se constata como era oportuna a estratégia do Governo Sócrates, com o ministro Mariano Gago a privilegiar a investigação nas universidades portuguesas e a captação de cientistas e doutorandos de outros países, esforço que tem sido completamente demolido pelas políticas (des)educativas de nuno crato.
Ben Scott considera um erro se os europeus quiserem limitar-se a imitar Silicon Valley, na expectativa de que condições semelhantes produzam os mesmos resultados, quando o desejável seria uma estratégia para identificarem as áreas onde possuam maiores competências e conhecimentos de forma a potenciar o seu valor competitivo. E sugere a cibersegurança, a biotecnologia, a nanotecnologia ou o software para telecomunicações como passíveis de corresponderem a essas expectativas.
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