segunda-feira, 28 de abril de 2014

DOCUMENTÁRIO: «Revolução Industrial» de Tiago Hespanha e Frederico Lobo (2014)

E ao cumprirmos o nosso 3º dia do Festival Indie tivemos o previsível tropeção num filme , que não correspondeu às expectativas.  Seria, de facto, muito imporvável, que nos mantivéssemos nos padrões invulgarmente elevados para que nos projetaram os filmes sobre a vida e obra de José Mário Branco ou o canté alentejano. Tendo em mente  os livros de Claudio Magris sobre o Danúbio  e de Paolo Rumiz sobre o Pó, íamos à procura do que sucedeu no rio Ave em cujas margens nasceram e morreram tantos projetos industriais, fundamentalmente na área dos têxteis.
Ora o «Público» de hoje trazia uma excelente entrevista com o diretor de fotografia dos filmes mais recentes de Manoel de Oliveira - o suíço Renato Berta - que ali aproveitava para traçar os limites do cinema atual desde que o digital se tornou numa inovação incontornável das equipas de filmagem: “não é porque registamos imagens e sons que fazemos cinema. Hoje, estamos perante uma salada absolutamente inacreditável. A todos os níveis. É como na literatura e na escrita: se escrevemos bem, tanto melhor, mas não é porque sabemos escrever que nos tornamos escritores e fazemos literatura.
No cinema, vivemos atualmente numa absoluta desordem das imagens. Graças ao digital, as pessoas deveriam colocar-se problemas, questionar a realidade, mas não o fazem. Agora toda a gente é cineasta. Mas quando vemos a qualidade das imagens e dos sons, acontece como com a música que ouvimos quando estamos num hotel.”
Mesmo procurando ouvir explicações dos realizadores no final da sessão não encontrámos resposta para o facto de termos visto uma sucessão infinda e entediante de imagens, que não alcançavam a coerência de um discurso estruturado sobre aquele espaço geográfico.
Um dos realizadores apontou para o seu pessimismo pelo que se passa naquela região concreta (e presume-se que alargado a todo o país), mas deu a ideia de que chegaram à mesa de montagem sem um conceito preciso do que quereriam transmitir. O que deixou os espectadores da sessão algo perplexos por terem perante si um filme que poderia pressupor uma vasta panóplia de hipóteses, mas não se fixa propriamente em nenhuma.


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