domingo, 20 de abril de 2014

IDEIAS: quando o cérebro vê fundidos os seus fusíveis! (1)

Às vezes o corpo faz greve: é quando sentimos que não aguentamos mais … ou não queremos mais?
Os braços descaem sem que os consigamos levantar ou o coração acelera e parece estoirar. O cérebro recusa-se a pensar, a reagir.
Trata-se do «burn out», o estado em que o corpo revela saber bem mais sobre nós do que a nossa própria mente. O corpo, demasiado fatigado, acaba por impor a sua vontade a um “espírito”, que não se quer reconhecer derrotado.
O “espírito” afetado pela exaustão do corpo?, eis a questão que Raphäel Enthoven  coloca a Pascal Chabot no seu programa semanal sobre Filosofia no canal Arte.
A resposta não é definitiva: em situações de crise pode, de facto, existir um divórcio entre o corpo e o “espírito”. Este desejaria prosseguir na sua dinâmica própria e o corpo diz que não, que é altura de parar.
Foi o médico Herbert J. Freudenberger o primeiro a identificar o sintoma, que designou como «burn out» e de que ele próprio se reconheceria como vítima.
Nascido em 1926 na Áustria, Freudenberger deixou a Europa nos anos 30 pelas razões óbvias e instalou-se nos EUA onde viria a trabalhar numa clínica com toxicodependentes. Os dramas humanos com que lidava levavam-no a trabalhar todo o dia e a prosseguir até às duas ou três da manhã com a ajuda de alguns voluntários. Quem o conhecia preocupou-se com a degradação física por que ele passava nessa devoção extrema ao trabalho, traduzida numa notória perca de peso. Até ao dia em que, na véspera de partir para férias com a mulher e com os filhos, a quem já mal conseguia ver, se sentiu incapaz de sair da cama.
Mas o «burn out» não se traduz apenas nesse tipo de sintomas. Outro muito frequente passa por lapsos de linguagem em situações quantas vezes comprometedoras.
Em 1936 Freud dissera a tal respeito que, no futuro, existiriam três profissões impossíveis de exercer: cuidar, educar, governar. Porque qualquer delas estão sempre condenados ao fracasso relativamente à missão inicial, que se propunham cumprir. Ora pode-se trabalhar até à exaustão a tentar cuidar de alguém e não conseguir curá-lo, educar alguém e não conseguir abrir-lhe a consciência ou governar sem alcançar o bem comum pretendido.
É que o «burn out» tem a ver com o perfecionismo! Ora, quase todos nós estamos, hoje, envolvidos em trabalhos que nunca se dão como concluídos!
Quem sofre de um «burn out» sente-se a errar no meio de terra queimada!


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