sábado, 26 de abril de 2014

POLÍTICA: porque é que ainda há quem acredite na seriedade dos políticos do passado?

Definitivo é o argumento com que Pacheco Pereira respondeu na «Quadratura do Círculo» aos que, em recente inquérito, defenderam o preconceito segundo o qual existiam políticos mais honestos antes do 25 de abril do que depois.  Para tal falácia só existe uma explicação: a Censura, que cortava tudo quanto fossem notícias passíveis de abalar a ideia de vivermos num país no diminutivo, apenas caracterizado pelos tão louvaminhados “brandos costumes”.
Daí que nada se divulgasse sobre os «ballets roses», os desfalques dos cofres das Câmaras Municipais (como sucedeu em Almada e causou o suicídio do então titular!) e  muitas outras negociatas, que pusessem em causa a imagem “impoluta” do regime e dos seus cúmplices. Pelo contrário a Censura era muito complacente para com a frequente referência ao caso Alves dos Reis e do antigo Banco de Angola, que demonstrava como antes de salazar imperava a maior corrupção.
É claro que o discurso fascizante continuará a vingar junto de gente pouco esclarecida e em quem as marcas desse período se vincaram de forma quase indelével, mas constitui um imperativo democrático denunciá-lo sempre que possível. Até porque o facto de existir ou não corrupção só depende do aprofundamento da Democracia, criando formas de regulação e de contínua auditoria independente a quem está em condições de fomentar e viver à pala de negócios ilícitos.
Ora o caldo de cultura da corrupção aumenta quando se está em regime de ditadura, como o do Estado Novo, ou quando a lógica neoliberal manda desregulamentar tudo quanto possa travar o livre arbítrio dessas sinistras entidades, que se acoitam por trás da nuvem de fumo designada como «mercado».


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