quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

POLÍTICA: Foguetórios e realidades


O que mais surpreende com este (des)governo, já não é o seu radicalismo ideológico, nem toda a corrupção a ele associada com os inúmeros tachos criados para os seus jovens e bem remunerados assessores, mas a incompetência por ele manifestada na forma como transmite a sua mensagem.
Bem tentam os seus marketeiros arranjar momentos de esplendor para os maravilhosos sucessos de tão iluminada política, que acabam sempre por tropeçar aonde menos esperariam. Depois da conferência para os amigos de moedas e de sofia galvão, que resultou no desastre mediático, que se verificou, é o famigerado relatório do FMI a ser denegrido, já não apenas pelo carácter de trafulhice a ele associada enquanto encomenda do moedas, mas ainda por cima pela assinatura de um agora desmascarado vigarista espanhol, destituído de diretor-geral da Fundación Ideas.
Hoje foi a ação de propaganda encenada em torno do regresso aos mercados , como se significasse o corolário de uma estratégia bem sucedida de gaspar. Que pode enganar uns quantos inocentes, mas não ilude a grande maioria dos portugueses, cientes de êxito ainda maior dos nossos vizinhos espanhóis, apesar de terem adotado atitude absolutamente oposta ao servilismo vergonhoso de passos perante a srª Merckel e os mandantes europeus da sua política de austeridade.
Que significa isto? Significa que a tão badalada confiança dos mercados é determinada não pelo nível de austeridade imposto a cada país, mas pelas garantias dadas por Mario Draghi de que faria o que fosse necessário para defender o euro. 
Sabendo-se quem compôs o grupo de bancos envolvido na operação percebe-se bem como têm passado tão despercebidas  as notícias elucidativas sobre o BES, como aponta Daniel Oliveira no «Arrastão»:  E também se fica a compreender por que razão as notícias sobre corrupção no BES têm sido bastante discretas.
Sendo o banco um dos parceiros privilegiados do Governo nos seus negócios, não conviria sujar uma imagem que, de resto, é perfeitamente imaculada.
Tudo está quando acaba bem. Na Sicília é assim: os negócios são sempre um assunto de família.
Que esta operação nada alterará no propósito deste gente prosseguir o esbulho dos bolsos do que ainda resta da classe média, lembra Sérgio Lavos no mesmo blogue: ela apenas significa que seria sempre impossível pagar uma dívida crescente - mais de 120% - nas condições em que esta foi contraída.
Haverá mais renegociações, prolongamentos, perdão parcial da dívida. Como aconteceu na Grécia.
Mas se a economia não começar a crescer, de nada adiantarão os cuidados paliativos que estão a ser administrados. E como poderá a economia crescer, se tudo o que o Governo está a fazer é errado?
Um bom exemplo de um tenebroso erro que o (des)governo se prepara para cometer a mando do FMI é a contabilização do subsídio de maternidade para o IRS, eliminando um dos escassos apoios ainda existentes para favorecer a inflexão da tendência demográfica da população portuguesa. No Expresso Online escreve o já citado Daniel Oliveira:  A nossa crise demográfica é tão ou mais grave do que a nossa crise financeira. É, aliás, um dos fatores para a crise das contas públicas. E está a ser agravada pela crise económica, o desemprego de quase 40% dos jovens e a fuga de trabalhadores qualificados. Esta medida simbólica, coerente com tudo o que está a ser feito para destruir qualquer possibilidade de futuro para este País, é apenas mais um exemplo da nossa caminhada para o abismo. Até sermos um enorme cemitério. E mesmo isso não sei se será possível. É que até os coveiros têm de comer.
E até são os próprios números do Eurostat a desmentir o falso otimismo de passos coelho, tendo em conta a progressão imparável da dívida. Pondo os pontos nos is, escreve Paulo Campos no ~facebook: Até na dívida este tipo de governo falha…
No último ano e meio, a dívida direta do estado cresceu quase 50% do que tinha crescido entre 2004 e maio de 2011 (quase 6 anos e meio).
O Eurostat, no seu relatório refere "Este rácio de 120,3% alcançado pela dívida nacional no final do terceiro trimestre corresponde a uma diferença de 9,9 pontos percentuais face ao valor apresentado no mesmo período do ano passado. Foi o quarto maior aumento neste período, apenas atrás do Chipre (17,5 pontos percentuais), da Irlanda (13,4 pontos percentuais) e de Espanha (10,7 pontos percentuais), segundo o Eurostat".
Sem crianças a nascer e com a população a envelhecer, bem se pode esperar recorrências da inenarrável tese do ministro japonês apostado em acelerar a morte dos velhos, que só trazem encargos para as depauperadas finanças públicas. E  É Alfredo Barroso quem, na sua página do facebook, evoca a paternidade da ideia para o ideólogo do Pingo Doce, António Barreto, quando não há muito tempo, propunha algo de semelhante sem suscitar o merecido repúdio, que já então se justificava: Primeiro rezam para que os idosos não durem muito, depois querem que eles morram rapidamente, depois reclamam que eles morram imediatamente - por exemplo, racionando e recusando tratamentos e medicamentos...
Lembram-se de um famoso sociólogo português com barbas a perguntar, na SIC Notícias, se faz sentido o SNS garantir a diálise a doentes com mais de 70 anos e sem dinheiro para pagar o tratamento?
Qualquer dia também acham que os deficientes devem ser despachados depressa desta para melhor, e depois os loucos, os anarquistas, os esquerdistas, os oposicionistas, os feios, os caixa d'óculos, os canhotos, os carecas, os pretos, os homossexuais, etc., etc.

Sem comentários:

Enviar um comentário