Muitos filmes depois, Abel Ferrara continua a não me entusiasmar enquanto realizador, muito embora lhe reconheça muitas das qualidades enunciadas pelos críticos mais conceituados. Mesmo neste caso, em que me embalavam os textos lidos sobre as últimas horas de vida de um casal nova-iorquino enquanto se aproxima o apocalipse motivado por um comportamento descontrolado da camada de ozono. E até contando com o desempenho sempre irrepreensível de Willem Defoe.
Porque é que me senti enfadado durante hora e meia? A razão principal terá sido a previsibilidade do que vai ocorrendo: cenas de encontro e desencontro do casal, que ora faz amor, ora se disputa devido ao passado dele, quer a nível amoroso, quer enquanto toxicodependente.
Pelo meio Skyie vai pintando as suas telas à moda de Pollock e as televisões vão passando imagens de Al Gore, do dalai Lama ou de outros profetas do fim dos tempos.
Ferrara contorna na perfeição a falta de meios para credibilizar a ambiência de ficção científica. Mas quando chega a hora prevista e o fim se verifica, ficamos a questionarmo-nos se ficamos assim sem mais nada que acrescente algo à história.
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