Bem se esforçou Luís Osório para que José Luís Peixoto dissesse alguma coisa de novo sobre Portugal no programa ontem transmitido pela RTP. É que esse era o tema previsto: o Portugal visto pelo autor de «Morreste-me».
O problema é que ele teve pouco para dizer para além das banalidades de circunstância. A tal ponto que vimo-nos a replicar, ligeiramente modificada no conteúdo da frase, a célebre cena do Nanni Moretti, quando estava a ver o Massimo d’Alema na televisão: «diz-nos pelo menos uma coisa de novo!».
Debalde: as banalidades prosseguiam no meio de imagens da sua terra, Galveias, ou da festa de homenagem a ele promovida na sua antiga escola primária.
Perante esta deceção, volto ao tema dos meus amores e desamores literários. Da geração mais antiga preferi muito mais a prosa impressionante do nosso nobel Saramago à presunçosa confusão estilística e temática de Lobo Antunes. E na que está agora em plena afirmação, tenho uma clara empatia por valter hugo mãe ou João Ricardo Pedro (ainda que só com um único romance! )do que aos muito promovidos Gonçalo M. Tavares ou José Luís Peixoto. Ainda que a todos leia com a mesma disponibilidade e atenção…
No caso deste mesmo José Luís Peixoto pergunto-me se o livro reportagem agora publicado sobre a viagem à Coreia do Norte não significará uma forma hábil de contornar um certo esgotamento da sua musa interior. Buscando na singularidade do tema (o voyeurismo resulta quase sempre!) a incontornabilidade de um bloqueio, que se vem notando à medida que a idade madura se lhe vai instalando nos cabelos brancos, que já lhe toldam o rosto…
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