Confesso que andei anos a desejar que a Grã-Bretanha saísse da União Europeia, porque a minha eurofilia reconhecia nos governos de Londres o travão a uma integração mais conseguida. Isso era no tempo em que acreditava que o nosso futuro ou era na União … ou dificilmente existiria..
Ou seja no tempo em que o projeto de Monnet ou de Delors apontava para uma Europa solidária capaz de se ir aglutinando numa enorme e rica Federação, desenvolvida e sem grandes diferenças de rendimentos entre as suas várias regiões.
Chegado à presente fase eurocética, em que Merkel e outros líderes do Norte da Europa deram cabo do projeto em causa, vejo a questão do Brexit com algum distanciamento. Aconteça ou não, cá continuaremos a viver, ajustando-nos às novas circunstâncias. E é isso mesmo que diz Wolfgang Münchau numa das suas mais recentes crónicas: é deixá-los sair, que a adaptação acontecerá mais tarde ou mais cedo. Com a sensação de se tratar de mais um passo para o estilhaçar da União numa possível implosão, em que todos os seus membros acabarão por consolidar as políticas soberanistas já neles bem evidentes. E convenhamos que Portugal, com o potencial dos seus recursos marinhos e a posição geoestratégica, que ocupa, está em melhores condições para superar os desafios do futuro, que muitos dos que hoje, na União, peroram tanto a favor de sanções ou de outras represálias contra os países do Sul.
Se no início da década de 80 poucos adivinhavam, que ela se concluiria com o desaparecimento da União Soviética, também não será difícil imaginar uma Europa de Estados soberanos, esgotada que se tornou a fórmula de um continente federado em nações que se respeitassem.
Bem pode a direita zurzir no progressivo euroceticismo dos socialistas, que ele é uma realidade. Pelo menos enquanto de Bruxelas, de Frankfurt ou de Estrasburgo a única Europa, que politicamente se continua a manifestar é a da obrigatoriedade de respeito por tratados e regras, que são autênticos cintos apertados, que mal permitem aos povos respirar.
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