quarta-feira, 8 de junho de 2016

Para acabar de vez com um equívoco

Há muitos anos o Woody Allen  publicou uma antologia de textos intitulados «Para acabar de uma vez por todas com a Cultura» que pretendia dar a extrema-unção a um conjunto de preconceitos e ideias feitas de que dava desassombradas e definitivas desmistificações.
É por isso que, pela única e última vez, vou chamar os bois pelos nomes e  dizer o que penso da moção «Resgatar a Democracia», que foi ao Congresso do PS, e aí viu definitivamente terminada a burla em que consistiu para um conjunto de apoiantes iniciais, dispostos a nela colaborarem com o objetivo de irem mais além na via aberta por António Costa desde a vitória das Primárias em setembro de 2014 e afinal surpreendidos por nela terem visto aterrar alguns dos nomes mais detestados do que significou o segurismo no seu pior: a sua versão trauliteira e sem pinga de escrúpulos.
Um desses exemplos é o herói do barbudo imbecil, que participa num programa da TVI com Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira. Para tal caceteiro, que o «Público» insiste em manter na sua última página para insultar a inteligência da maioria dos seus leitores, esse Ricardo Gonçalves mereceu-lhe vibrante aplauso por ter dado voz no Congresso ao que Passos Coelho não desdenharia ali dizer se o tivesse podido.
Ter um provocador a debitar as aleivosias da direita mais radical em plena FIL garantiu ao opinador do jornal da Sonae um orgasmo, que lhe ficará na memória por muito tempo.
E já não me surpreendeu, que ele viesse a terreiro como representante da moção de Daniel Adrião.  É que esta, surgida na perspetiva de erradicar do Partido Socialista as práticas, que tanto tínhamos condenado em Coimbra, e de que a Cristina Martins tinha sido a mais notória vítima,  tornou-se numa anedota de mau gosto, quando os  especialistas em tais tipos de práticas ali começaram a  ganhar o palco como se de púdicas virgens se tratassem.
Ao aceitar entusiasticamente a adesão dos Ricardos Gonçalves, oriundos não só de Braga, mas também do Seixal ou de Sesimbra, o Daniel Adrião desmascarou-se naquilo que afinal é: alguém que facilmente vendeu os princípios por dúzia e meia de lugares irrelevantes, mas suficientes para satisfazer alguns egos carecidos de fúteis paliativos para a sua débil autoestima.
Como diria o Groucho, quando houve que mudar de princípios, adotou rapidamente os que serviam a sua nova plêiade de comparsas. Bom proveito lhe tenha feito essa mudança, que muitos de nós ficámos esclarecidos!

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