Porque estive na manifestação de ontem à tarde e depois fui para o Nimas ver a epopeia de Kontachalovsky sobre a História soviética vista da perspetiva de uma aldeia siberiana, não me pude aperceber do tipo de cobertura noticiosa feito a propósito da iniciativa dos defensores da Escola Pública.
Sendo dia de futebol já imaginava que as reportagens sempre iguais, com que as televisões preenchem os seus tempos de antena antes, durante e depois dos jogos - ainda mais empolados nos dias em que joga Portugal - servissem de alibi para que quase silenciassem a iniciativa. E, de facto, quer no Marquês do Pombal, quer na Avenida da Liberdade, não vi sinais das câmaras de outros tempos, nomeadamente quando o governo era liderado por José Sócrates e as televisões mostravam-se particularmente zelosas na demonstração da existência de insatisfeitos. Afinal o mesmo zelo demonstrado semanas atrás, quando quiseram fazer acreditar que a titubeante epidemia de camisolas amarelas, convocadas para Lisboa, ia muito além do exíguo espaço em frente à Assembleia.
Ora, agora, conseguiram ir mais longe ao afirmarem sem pingo de pudor, que a multidão em torno da estátua do Marquês se reduzia a um número muito inferior aos dos defensores da subsidiarização da Escola privada em São Bento. Como dizia alguém com muita graça, quando o Benfica é campeão, o Marquês de Pombal comporta 500 mil pessoas, mas se se enche com os defensores da Escola Pública não leva mais do que duas mil.
Está a revelar-se um problema sério o desta comunicação social tão militantemente a opor-se ao governo de António Costa como a brasileira andou a agir contra Dilma até a conseguir derrubar. Porventura acreditam nisso mesmo: repetindo mil vezes as suas mentiras, conseguirão levar a sua avante. Por isso só falam da Caixa Geral de Depósitos numa altura em que deveriam acautelá-la de danos de imagem para não prejudicar as negociações com Bruxelas e escondem os Panama Papers por, provavelmente, terem destapado novidades, que quererão a todo o custo esconder.
Está-nos a fazer falta um tipo de informação consonante com os valores e ideais dos que deram os votos suficientes para tornar possível o governo de maioria parlamentar. É que, hoje, olham-se ou ouvem-se os jornais, as rádios e as televisões e só se constatam notícias tendenciosas destinadas a apoiar a agenda da direita.
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