O julgamento que condenou Hissène Habré em Dakar pelos crimes cometidos durante o período em que liderou uma das mais terríveis ditaduras africanas assinala uma mudança de tomo para o que se passa hoje naquele continente.
Durante o período em que se impôs como presidente do Chade, Habré fez prender, assassinar e desaparecer mais de 40 mil pessoas entre opositores e meros suspeitos de o serem. As torturas e as execuções sumárias eram uma prática quotidiana, que visavam submeter a insatisfação coletiva a um forte dispositivo intimidatório.
Apesar de já terem passado 26 anos desde que foi derrubado - pode-se, pois, lamentar que a justiça tenha demorado tanto a manifestar-se! - a memória das vítimas e dos seus familiares permanece bem viva e disposta a encontrar algum alívio na decisão do tribunal. Muito embora saibam que alguns dos seus atuais dirigentes foram nessa época alguns dos principais lugares-tenentes de Habré.
Fica também uma advertência aos atuais ditadores, que continuam a praticar o mesmo tipo de crimes na Eritreia, no Sudão, em Angola ou na Guiné Equatorial. Qualquer deles pode pressupor, que torna-se cada vez mais provável a possibilidade de se verem no banco dos réus de um tribunal internacional como agora sucedeu a Habré, muito embora possam sempre considerar benignas as condições em que venham a ser encarcerados, sem comparação com aquelas a que condenaram tantos dos que lhes caíram na alçada.
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