segunda-feira, 11 de novembro de 2013

POLÍTICA: Gente com G Grande e outra gente de ínfima dimensão!

Na passagem de mais um aniversário sobre o nascimento de Álvaro Cunhal e de Mário Viegas, exprimo aqui a admiração sentida por ambos por quanto contribuíram para a minha formação enquanto pessoa. Ao primeiro devo a demonstração de existirem os tais imprescindíveis de que falava o Brecht num dos seus poemas mais conhecidos.
Posso, enquanto socialista, não concordar com o tipo de sociedade, que há quem aposte ser a por ele desejada. Mas também confio, que existe muito preconceito em torno desse projeto de sociedade: estratega por natureza, seria interessante continuar a tê-lo a pensar substantivamente sobre as causas da implosão dos regimes do Leste Europeu, se a doença, e depois a morte, o não tivesse levado.
E quanto aos que o acusam de pretender uma sociedade em que muitos estariam necessariamente presos, será conveniente lembrar - como o fez o Daniel Oliveira no «Eixo do Mal» que, quem efetivamente esteve preso e se viu torturado, foi ele.
Pessoalmente não tenho dúvida nenhuma em como o marxismo mantém uma atualidade bastante pertinente, sobretudo quando se conclui existirem hoje mais multimilionários em Portugal do que existiam há um ano atrás. E que metade do PIB está na mão de oito centenas e meia desses abonados a quem a crise só favoreceu.
quanto ao leninismo, ao trotskismo e outros ismos de esquerda, a todos convirá sujeitar ao crivo da crítica para compreender onde eles erraram ou se desviaram dos seus objetivos iniciais. A tal alternativa de esquerda, que seja capaz de dar resposta à crise do capitalismo com a sua superação definitiva, e estabeleça a desejada sociedade mais justa, democrática e igualitária, não passa por fazer tábua rasa de todas as tentativas falhadas em a querer concretizar, mas em interpretá-las no que tiveram de positivo e no que estrondosamente falharam.
Quanto ao Mário Viegas é fácil recordá-lo frequentemente, quando nos dedicamos à leitura da poesia e imaginamos como ele a declamaria. Ou quando vêm à memória as suas grandes interpretações na Barraca ali perto do Rato nos anos a seguir à Revolução de Abril, a dar expressão noutros palcos a personagens trágicos de Brecht (a Boa Alma de Setchuan ou Baal) ou aos de  Eduardo di Filippo já ali no Chiado. Cada peça ou programa de poesia em que o víamos era um momento de inesquecível deleite.
Por tudo isso, quer Cunhal, quer Mário Viegas, fazem-nos imensa falta!
***
Já não vale a pena gastar muita cera com tão ruim defunto, quanto se revela ser o ministro dos negócios estrangeiros. A sua previsão de um segundo resgate no caso de não se atingirem os 4,5% de juros a 10 anos na dívida soberana é o atirar da toalha ao chão da equipa ministerial em que se integra. Porque não havendo informação quanto à fundamentação dessa percentagem, só a podemos atribuir às conversas, que tem ou ouve no conselho de ministros.
Bem nos podem acenar com milagres económicos, com falsa descida do número de desempregados ou com terem-se já iniciado tempos mais bonançosos, que os pires de lima, os motas soares ou os poiares maduros não conseguem disfarçar a sua própria descrença na dinâmica destrutiva, que encarnam.
Infelizmente - como se demonstrou com gaspar ou com o álvaro dos pastéis de nata - os ministros da direita só ganham algum sentido da realidade ao saírem do governo.
Não será difícil acreditar na forte probabilidade de virmos a ouvir passos coelho a mostrar-se um opositor a posteriori da terrível austeridade, que tem imposto enquanto marioneta da troika. Nem deixaremos de ouvir portas a mostrar novas e irrevogáveis intenções de defender reformados e agricultores, queixando-se do sofrimento por que terá passado enquanto miguel de vasconcelos dos filipes de hoje.
Esta gente que nos desgoverna, não dá mostras de ter uma pinga de vergonha, nem de achar dentro de si uma réstia de escrúpulo...


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