Stephen King já foi lido por 350 milhões de leitores em todo o mundo e em quarenta anos de atividade literária. Agora ele acaba de publicar o seu 56º livro, «Dr. Sleep», que é a sequela de um dos seus romances mais conhecidos; «Shining».
Tratando-se de um autor, que aborda as forças obscuras presentes dentro de nós, mas também onde podemos resgatar forças insuspeitáveis, King é bastante mais do que um mero escritor de género. Pelos seus livros passam sobretudo as pessoas mais comuns, aquelas para quem os dias têm tudo para serem banais, mas que se irão revelar muito dissociados dessa “normalidade”.
Nascido em 1947, quase não conheceu o pai, sendo exclusivamente educado pela mãe, que andava sempre a mudar de um lado para o outro. Nos seus livros será inevitável encontrar muitos personagens, que fazem de “pais de substituição”.
Na infância devora todos os livros, que lhe passam ao alcance dos olhos, fossem eles ou não de banda desenhada.
Aos seis anos escreveu a sua primeira história e recebeu 25 cêntimos de prémio das mãos da mãe como reconhecimento pelo seu talento precoce.
Tem 13 anos, quando publica a primeira história num fanzine de terror.
Em 1973 era um jovem professor recém casado, que vivia numa caravana, quando escreve «Carrie», cujas primeiras páginas não o convencem quanto ao seu valor e por isso decide deitá-lo para o lixo. É a mulher quem as recupera e o incita a prosseguir para aquele que se tornará o seu primeiro romance publicado em livro. No entretanto, trabalha numa lavandaria industrial sem conseguir superar o tipo de vida de qualquer pobre norte-americano: sem telefone, um carro decrépito, dinheiro em falta para os bens mais essenciais. Por isso as suas primeiras histórias, publicadas em revistas pouco prestigiadas, tinham assumido uma mera função alimentar: complementavam o orçamento para que pudesse pagar a renda ou os medicamentos para os filhos.
Depois de «Carrie», publica «Salem» e «Shining», que o projetam como um autor de best sellers e lhe dão a oportunidade de se dedicar exclusivamente à escrita. A partir daí passou a publicar pelo menos um livro por ano, alguns dos quais sob um pseudónimo: Richard Bachman.
Em 1989 passou por uma provação inesperada e quase fatal: atropelado por um camião, fica seriamente traumatizado não só fisicamente, mas também psicologicamente. Muitos críticos consideram que os seus romances posteriores a esse acontecimento são bem melhores do que os que o haviam antecedido.
Hoje, apesar de algumas escapadelas à Florida, ele continua a viver no Maine, onde situa a grande maioria das suas histórias. O prazer pela escrita perdurou até hoje: segundo conta limita-se a sentar-se diariamente ao computador entre as 7 e meia da manhã e o meio-dia e a verter as histórias, que vai imaginando, ficando com o resto do dia para fazer outras coisas interessantes.
Segundo as suas próprias palavras a grande literatura é baseada em personagens incomuns colocados em situações banais, enquanto faz precisamente o contrário: gente normal confrontada com acontecimentos extraordinários! E que por isso ficam sujeitas a um grande stress…
Em «Doctor Sleep» vamos reencontrar Danny Torrence que conhecêramos como o miúdo com quem nos identificáramos em «Shining», quando, num hotel assombrado em pleno inverno, fora ameaçado pelo próprio pai. Ao contrário do que acontecera com quase todos os personagens, que criara, Danny era um personagem cuja história não se concluíra, quando o romance terminara. E que lhe surgira muitas vezes no pensamento sob a forma de uma pergunta: o que lhe terá acontecido depois? Teria evoluído de uma forma problemática pelos traumas por que passara?
Agora, e depois de uma vida de vagabundagem, Danny já entrou nos quarentas e instala-se numa pequena cidade da Nova Inglaterra, onde encontra emprego como auxiliar num hospício. Decide ajudar os internados a morrer, para o que conta com a ajuda de uma discípula de 13 anos, Abra, que possui dons de vidência.
Se em «Shining», Danny fora o discípulo, agora faz o papel de Mestre. E vê a sua história pessoal definitivamente resolvida...
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