Vale a pena sair da nossa apagada e vil tristeza nacional para saudar a vitória do democrata Bill de Blasio como novo mayor de Nova Iorque.
Embora escaldados pelas sucessivas desilusões, que Obama ou Hollande representaram ao se limitarem à gestão míope deste capitalismo degenerescente, há a expectativa de porfiarmos na convicção de, mais cedo ou mais tarde, virmos a ser recompensados com um exemplo positivo e redentor, capaz de por si mesmo constituir a tal faísca ignitora de toda a pradaria.
E se a América está a precisar de algo tão novo quanto de Blasio se anuncia!
Com um Tea Party a contas com a incipiência da sua indigente conceptualização da realidade e um crescimento incontrolável do número de pobres, os Estados Unidos vão alimentando um caldo de cultura favorável a alternativas, que se revelem eficazes nos seus resultados práticos.
Nesse sentido o programa de Blasio promete ser bem mais ousado do que o seu próprio partido tem defendido nos últimos anos, embora devamos compreender a dinâmica política de centralização dos Democratas perante a tendência dos republicanos para a extrema-direita. Agora os sinais de emurchecimento dos partidários de Ted Cruz ou de Sarah Palin começam a ser notórios, dando a possibilidade de uma reorientação do campo adversário para a esquerda.
Os 63% com que Blasio cilindrou os adversários são eloquentes quanto à expetativa dos nova-iorquinos a seu respeito.
Agora é só uma questão de ver coroado de êxito o seu trabalho para que constitua um motor de mudança na própria realidade norte-americana.
Mas que esses sinais de mudança podem ter réplicas noutros lugares, constata-se-o em França onde uma das mais notórias sarkozettes, Nathalie Kosciuscko-Morizet, imaginou os socialistas demasiado fragilizados pelo insucesso de Hollande para retomar a câmara de Paris, depois do interregno Delanoe. As sondagens de hoje tê-la-ão esmorecido: a vantagem de Anne Hidalgo, a candidata socialista, não lhe permitirá ter grandes ilusões.
Conclui-se que não é só em Portugal, que a direita dá sinais de se afundar. Noutras latitudes a tendência replica-se!
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