quarta-feira, 27 de novembro de 2013

LITERATURA: no centenário de Camus (5) - Os anos da guerra

Em 1938 Camus concluíra «A Morte Feliz», que reconhecia não ter grande uniformidade. O que ele pensa  apoia-se na lúcida contemplação do mundo, na busca da felicidade e na consciência da morte, que surgem muito melhor exprimidas em «Núpcias», que surge no ano seguinte.
Enquanto não conclui uma primeira versão de «Calígula» (1941) ele faz do jornalismo a forma de ação e de expressão, que melhor lhe convém: entre 1938 e 1940 escreve no “Alger Républicain”, que está ligado á Frente Popular, e depois no “Soir Républicain” de que é chefe de redação. É aí que assina numerosos artigos de assuntos muito diversos, desde a política às crónicas judiciais ou literárias, bem como reportagens, de entre as quais se destaca «Miséria da Cabília».
Apesar do seu convicto pacifismo, decide alistar-se na altura da declaração de guerra, mas é rejeitado por razões médicas, como depois ecoará em «A Peste».
Em 1940 deixa a Argélia: exceto numa estadia em Orão em 1941, ele só regressará ali muito de longe em longe, por muito que as evocações da terra natal sempre ilustrem as páginas dos seus escritos.
Voltando a casar em 1940, trabalha como técnico no “Paris Soir” e trata-se no hospital de Chambon-sur-Lignon. Regressa a Paris e aí se fixa a partir de 1943, desempenhando funções de leitor nas Edições Gallimard.
Entre 1942 e 1945 - enquanto participa ativamente na Resistência para a qual se alistara em 1943 - ele publica o que designa por “ciclo do absurdo”, promovendo-o a um dos escritores mais importantes da sua geração: «O Estrangeiro» (1942), «O Mito de Sísifo» (1942), «O Mal Entendido» (1944) e a versão definitiva de «Calígula» (1945).
A partir da questão inicial: “a vida vale a pena ser vivida?”, Camus explora os fundamentos, as manifestações, as consequências do absurdo.
Após a Libertação ele passa a dirigir com Pascal Pia, o jornal “Combat”, que abandonará em 1947, depois de aí ter publicado inúmeros editoriais, em parte recolhidos em «Actuelles I», que, associados à história em vias de se fazer e prolongar nas «Cartas a um Amigo Alemão» (1944), afirmam a necessidade de preservar os valores morais no seio da política.
Camus, que está presente em todas as lutas pela liberdade e pelos direitos humanos, encarna aquilo a que Sartre designará como a admirável conjunção de uma pessoa, de uma ação e de uma obra.


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