Em 2010 o MoMA organizou uma memorável retrospetiva da artista Marina Abramovic, que já era particularmente apreciada pelas suas obras performativas.
Ora uma das que essa exposição apresentou foi «The Artist is Present», pela qual, sentada perante uma pequena mesa, Marina convidava os visitantes a colocarem-se alguns minutos diante dela para cruzarem os respetivos olhares no mais perfeito silêncio.
As reações já eram por si bastante interessantes, mas a artista não suspeitava da surpresa, que lhe estava reservada: numa dessas performances, quem se veio sentar à sua frente foi Ulay, com quem trabalhara e viver entre 1976 e 1988, chegando a partilhar muitas experiências criativas, entre as quais a vivida durante alguns meses passados no deserto australiano com os aborígenes.
A última performance a dois tinha ocorrido a partir de 30 de março desse ano, quando ela começou a caminhar pela Muralha da China a partir do leste, nas montanhas, e Ulay saíra do ocidente através do deserto. Três meses depois, percorridos muitos quilómetros, encontraram-se a meio e disseram-se adeus. Até ao breve, mas expressivo reencontro de Nova Iorque...
Tantos anos depois, o reencontro de olhares entre os dois ex-amantes é lindo, porque a cumplicidade dispensa bem as palavras e cumprindo-se na perfeição das expressões do rosto. Os pouco mais de três minutos, que dura este testemunho colhido do You Tube vale bem a pena ser visto. Por constituir uma das obras contemporâneas capazes de suscitarem maior emotividade.
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