Esta semana passaram 50 anos sobre a morte de John Kennedy em Dallas, o que constituiu a oportunidade para ouvir muitos comentários sobre a sua herança.
Quando ele morreu, eu contava 7 anos, mas recordo bem o quanto me impressionaram as imagens de então, quer as do funeral, quer as colhidas pela câmara de Zapruder. Se o presidente do país mais poderoso de então era assim assassinado, quereria isso dizer que isso poderia igualmente suceder no Portugal de Salazar em que vivia?
Por essa altura sentia-se que Kennedy não era figura do agrado das autoridades portuguesas, que desconfiavam do seu interesse em África, não mostrando grande apetência por condenar o “terrorismo” em Angola! Um bom motivo imediato para logo simpatizar com ele.
Os anos que se seguiram criaram sentimentos ambivalentes em relação a ele: qual seria o verdadeiro Kennedy, o que dava sinais de apoiar o movimento pelos Direitos Civis ou o que tentara derrotar Fidel de Castro através da frustrada invasão da Baía dos Porcos? O que iniciou a escalada para a Guerra na Indochina ou o que lançou o programa espacial, que culminaria com a chegada da Apolo 11 à Lua em 1969?
Apesar de ver os anos acentuarem-me a adesão à esquerda, nunca perdi o sentimento de alguma simpatia pelo criador do conceito da Nova Fronteira enquanto modelo utópico de devir humano: “Estamos hoje no limiar de uma ‘nova fronteira’, a fronteira da década de 1960, uma fronteira de oportunidades e de perigos desconhecidos, uma fronteira de esperanças e de potenciais ameaças, mas a Nova Fronteira de que vos falo não é uma série de promessas, é uma série de desafios. Nela não está o que pretendo oferecer ao povo americano, está o que lhe pretendo pedir. A Nova Fronteira está aqui, quer queiramos quer não”.
E dá para imaginar o que teria acontecido se, em vez de um mandato incompleto, ele tivesse, de facto, ocupado a Sala Oval durante oito anos!
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