domingo, 3 de novembro de 2013

FOTOGRAFIA: no centenário de Robert Capa - 4. Fotografar perto demais!

Vencida a resistência alemã nas praias da Normandia, Robert Capa continuará a acompanhar os exércitos aliados na sua rápida progressão pelo território francês.
Desperta nos oficiais e nos soldados uma intensa admiração pela audácia com que enfrentava o perigo. Ele tinha já bem assimilada a conclusão a que chegara ainda durante a Guerra Civil Espanhola: se uma fotografia não é suficientemente boa é porque não nos aproximámos o suficiente!
Daí que consiga ser aceite no grupo de milhares de soldados, que serão lançados de para-quedas para além das linhas inimigas, já bem no interior da Alemanha.
No dia em que Capa desceu com a sua câmara para captar o capítulo final do conflito, um terço dos soldados com quem emparceirara, não chegaram vivos ao chão, fustigados pelos disparos das antiaéreas.
Depois de entrar em Leipzig com o exército norte-americano, é na maior das alegrias que testemunha a libertação de Paris: aos 32 anos, depois de dez a lutar contra o fascismo através das suas imagens, ele descobre-se num mundo em paz!
E em que novo interesse amoroso se lhe desperta no bar do Ritz, quando, acompanhado de Irwin Shaw, viu Ingrid Bergman a quem enviou um convite para jantarem. Nasceu aí uma paixão fulminante entre o fotógrafo com a atriz, que acabara de receber um Óscar pela sua interpretação em «Gaslight».
Em vez dos cenários de guerra, Capa muda-se para Hollywood como fotógrafo de bastidores  na produção que Ingrid começou a rodar logo a seguir, dirigida por Alfred Hitchcock. Mas entedia-se, falta-lhe ação.
Quando Ingrid Bergman propõe divorciar-se para que possam casar, ele nega essa possibilidade, dizendo-lhe não ser homem para tal compromisso. Há quem diga, que Hitchcock terá concebido a história de «A Janela Indiscreta», com James Stewart e com Grace Kelly, de acordo com o que constatara na relação entre Capa e Ingrid.
Na Primavera de 1947 decide fundar a agência Magnum com alguns dos seus melhores amigos: Cartier-Bresson, Chim Seymour e George Rodger. Todos eles muito diferentes uns dos outros, quer em feitios, quer bem culturas. Mas todos apaixonados pela arte de que se tinham tornado exímios criadores. O objetivo: uma cooperativa independente capaz de rentabilizar o trabalho dos fotógrafos, que nela estivessem associados, garantindo-lhes maior  controlo e respeito. Um projeto, que se transformará num rápido sucesso artístico e comercial.
Em 1948 delega a gestão da Magnum noutros colaboradores e volta à ação indo morar com Picasso e Françoise Gilot durante duas semanas para conseguir algumas das fotografias mais emblemáticas do célebre casal.
Nessa fase  percorre a Europa para fotografar atores e atrizes, cenários turísticos e respetivos resorts. Mas o apelo da guerra volta a bater-lhe à porta, quando a Life propôs uma reportagem na Indochina, aonde o exército colonial francês estava a sentir grandes dificuldades para conter o avanço dos vietcongs.
No Delta do Rio Vermelho sabia-se que as estradas e campos estavam minados em ambos os lados. Mas ele não deixava de ser o fotógrafo capaz de arriscar a vida por uma boa imagem. Em 25 de maio de 1954, a mina estava lá, pronta a explodir, no sítio onde ele quis captar de melhor ângulo umas mulheres ocupadas a trabalhar num arrozal. A última fotografia mostra soldados franceses a progredirem pelo campo cultivado (foto ao lado).
O seu funeral é organizado em Hanói, convertendo-o no primeiro correspondente de guerra a morrer na guerra do Vietname.


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