Ao ouvir recentemente os despropósitos verbais de uma conhecida escrevinhadora de livros porno românticos e os de um não menos reputado professor católico ligado à opus dei, sou obrigado a regressar aos heróis de Goscinny e Uderzo, concluindo:
- Ils sont fous, ces gents de la droite!
Num e noutro caso houve que apurar todos os sentidos para comprovar se era mesmo verdade o que um deles - a audição - nos estava mesmo a prodigalizar.
Confirmada a veracidade de tais discursos, justificou-se indagar o que lhes terá estado na origem, abrindo-se desde logo um vasto leque de possibilidades: ter-lhes-á dado um daqueles vaipes, que significavam outrora o direito a internamento imediato na ala dos loucos mais varridos do Miguel Bombarda? Terão recebido dos responsáveis pelo marketing do governo a incumbência de testarem os limites até onde os portugueses estão dispostos a aguentar a verborreia propagandística de passos & Cª, fazendo os ministros passarem por gente moderada ao lado desses extremistas da austeridade? Teriam ambos ingressado num qualquer novo movimento artístico apostado em avançar com provocações mais contundentes do que as outrora assumidas pelos dadaístas?
A explicação é bem capaz de ser mais prosaica: costuma suceder que as mudanças de ciclo político coincidam com o aparecimento de torquemadas dispostos a dar preleções aos fiéis de modo a confortá-los nos seus dogmas absurdos. A margarida e o césar acabam por ser os profetas do apocalipse para que o capitalismo se encaminha enquanto sistema.
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