Em outubro passou quase despercebido o 40ºaniversário de um dos mais emblemáticos álbuns dos Who: «Quadrophenia». O tema dessa ópera-rock era o de uma espécie de esquizofrenia caracterizadora dos quatro membros do grupo e aglutinada na sua específica identidade.
As declarações de cavaco silva sobre a incapacidade de diálogo entre os partidos do chamado “arco da governação” em Portugal, contrariando a regra supostamente a ser cumprida no resto da Europa (até na Alemanha da srª merckel, cantam em coro os filisteus, que o incenseiam!), veio confirmar o que já se anunciava nas últimas semanas: não faltarão vozes a quererem impor a António José Seguro uma rendição incondicional aos cantos de sereia da direita tradicional. E, confirmando a quádrupla origem desse tipo de discurso esquizofrénico - porque completamente distorcido da realidade anunciada pelos números e factos relacionados com a austeridade pura e dura - teremos quatro discursos repetitivos, oriundos de outras tantas origens:
· do inquilino do palácio de Belém, como hoje se confirmou;
· de passos coelho, de paulo portas, dos ministros e secretários de estado do seu governo e dos deputados dos partidos da coligação;
· de comentadores e interesses instalados internos, que irão de bagão félix aos escrevinhadores do suplemento de Economia do Expresso, do daniel bessa e vítor bento aos banqueiros do costume, sem esquecer o merceeiro que é contribuinte fiscal na Holanda;
· de durão barroso e dos seus apaniguados na Comissão Europeia, sem esquecer os sempre intrometidos analistas das agências de rating.
Tudo se conjuga para que, nas próximas semanas, António José Seguro seja bombardeado com uma sucessão contínua de convites para reuniões, de ameaças quanto à sua intransigência ou de calúnias a propósito da sua suposta franqueza perante os papões socráticos. Daí que José Sócrates persista em intervir no sentido de apoiar as posições do seu partido, continuando a desiludir os que julgavam ganhar com o seu convite para a RTP uma voz semanal de crítica à oposição. Por muito que a direita queira propalar o contrário os socialistas estão unidos no seu objetivo central: derrotar o mais rapidamente as políticas deste governo.
No limite a quadrophenia da direita até voltará a acenar com a possibilidade de eleições antecipadas, quando as julgar suficientemente condicionadas pelos efeitos da sua narrativa em relação ao principal partido da oposição.
Para contrariar essa campanha será necessária uma estratégia inteligente, capaz de a conseguir torpedear com a denúncia persistente da mistificação nela envolvida. Tarefa difícil pelos meios disponíveis pelas vozes investidas nessa propaganda. Mas contra elas continuam a conjugar-se os indicadores, que mesmo sujeitos aos habilidosos filtros dos quadrophénicos, não conseguirão esconder a tragédia económica e social para que estão a ser impelidos os portugueses…
Daí que tal como na obra dos Who, os quadrophenicos estão condenados a esfacelarem-se nos rochedos com que embaterão.
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