Os acontecimentos, que abrem os telejornais, podem ter muitas explicações - e para elas concorrem comentadores pagos lautamente pelos diversos canais! - mas a física dos fractais ensina-nos, que pequenos episódios podem clarifica-los com maior eficácia.
A grande vitória socialista nas eleições autárquicas já estava pré-anunciada na semana anterior, quando, em ação de campanha na Trafaria, Inês de Medeiros foi confrontada por uma eleitora, que dizia não acreditar nos políticos, porque eram todos iguais nas promessas e no seu não cumprimento.
Rápida na resposta a candidata logo argumentou não ser nada assim, porque ela podia constatar na prática como António Costa cumprira escrupulosamente nestes dois anos aquilo com que se comprometera na campanha de 2015. A interlocutora acabou por assentir, reconhecendo ser essa a verdade dos factos. E explicou a sua revolta pelo facto de ter sido comerciante no mercado ali em frente e falido durante o período da troika, atribuindo o facto ao planeamento deficiente de quem ali andara a fazer obras de requalificação. Os nove meses de fecho coercivo do mercado levara os habituais clientes a procurarem alternativas para se abastecerem, perdendo as rotinas que os traziam habitualmente ali.
Tendo participado em muitas ações de campanha essa senhora foi a única exceção daquilo que até então vinha constatando: ao contrário de eleições anteriores apareciam a cada paragem muitos eleitores desejosos de comunicarem com os candidatos, expressando-lhes as suas preocupações e necessidades, sem jamais invocarem os epítetos depreciativos dessas pretéritas ocasiões.
Conclui-se que um dos benefícios da governação da atual maioria parlamentar é a credibilização da Política, com P grande, como capaz de se orientar para a concretização do bem coletivo em vez de servir apenas para o beneficio de pequenas, mas gananciosas cortes. É graças à recuperação da credibilidade dos políticos, que a abstenção teve apreciável redução, mesmo sem haver a eliminação dos mortos dos cadernos eleitorais e mantendo-se a impossibilidade de votação dos muitos milhares empurrados por Passos Coelho para a emigração.
Quem esteve a contactar com os eleitores nas mesas eleitorais pode verificar a vontade de cumprimento do dever cívico por muitos que, em ocasiões de desencanto com os «políticos», ficavam em casa por sentirem desnecessário o esforço de se deslocarem ao local de voto.
É essa uma das principais razões que justificam a vitória socialista como um elementar ato de justiça. Além de estar a assegurar as condições para que os portugueses usufruam de melhor qualidade de vida e adquiram as competências e capacidades necessárias para uma mais sustentada empregabilidade, António Costa está a devolver-lhes o prazer pela participação na definição dos destinos das respetivas comunidades locais. E tanto bastou para reconhecer o quanto nos realizou, a mim e à Elza, a participação nas ações, que deram a vitória à Inês de Medeiros, a maioria absoluta ao José Ricardo e o resvés a que a Sandra Chaíça ficou de também comemorar a consagração da sua árdua campanha.
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