Bem pode Martim Silva pôr o secretário nacional do PS Porfírio Silva na coluna dos baixos da segunda página do «Expresso», que bem sabe o efeito das palavras do dirigente socialista na contenção verbal a que Marcelo Rebelo de Sousa se viu obrigado a partir do momento, em que foi denunciado o seu indecente aproveitamento das tragédias dos dias 15 e 16 de outubro para acossar o governo de António Costa.
Quem se ilude a pensar que são os socialistas a saírem mal do filme do clima suscitado pela notícia do «Público», só porque se mantém elevada a taxa de popularidade com que Marcelo ambiciona bater-se de igual para igual com Kim Jong-un, bem pode esperar sentado: nos três anos que faltam até voltar a ir a votos o selfieman terá de ser paulatinamente denunciado em todas as velhacarias, que o costumam caracterizar, e aqui mais do que evidenciada. Foi, por isso mesmo, delicioso o seu atrapalhamento nos Açores, quando os jornalistas o pressionaram a comentar aquilo que Daniel Oliveira já antecipadamente conjeturara.
Porque o país não pode ficar refém de um órfão do antigo regime, que sempre tem posto a reconhecida inteligência ao serviço das causas mais conservadoras. Ou há quem se esqueça da sua responsabilidade por muitas mulheres terem morrido, ou sofrido danos irreparáveis, por ter conseguido criar as condições para impedir a aprovação atempada da legislação sobre a interrupção voluntária da gravidez, adiando-a por mais uns anos?
Mais depressa se apanha um demagogo que um coxo e a História é fértil em demonstrar que os populistas acabam por se ver ostracizados, mais tarde ou mais cedo, por quantos empunharam temporariamente as suas bandeiras. Sobretudo quando se comprovar cada vez mais quanto a sua dinamite é feita de pólvora seca, e os trunfos fortes estarão do lado de quem vem fazendo o país crescer, os portugueses a viverem com menores dificuldades e a dívida pública a baixar - algo que continua a verificar-se em cada sucessivo anúncio dos indicadores oficiais.
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