O «Expresso», através dos seus jornalistas muito íntimos com o que se passa nos quartéis-generais das direitas, vem repetir a tese do desagrado crescente de Marcelo Rebelo de Sousa com este governo, razão porque discursa contra o suposto eleitoralismo do orçamento ou volta a Pedrógão Grande a fim de manter o apadrinhamento da mais que suspeita Associação das Famílias das Vítimas, na realidade grupo de pressão das direitas locais (ou não volte a ser «abrilhantada» durante esta semana com a presença de Cristas!). E, no entanto, o relatório da Comissão Independente, divulgado esta semana, é revelador quanto à censura que ele merece por, na noite da tragédia, ter tido a subtileza dos elefantes em lojas de porcelanas, dirigindo-se ao centro de comando de combate ao incêndio, aumentando com o ruído associado a a essa presença os efeitos de distração de quem desejaria manter a máxima concentração e melhor ajuizar sobre os meios e as orientações a distribuir pelas equipas no terreno.
Felizmente, na minha vida profissional, nunca tive esse tipo de condicionalismos a perturbar-me a análise de situações de emergência, quando tive de combater incêndios em navios ou avarias graves em quadros elétricos em edifícios comerciais. O que me tiraria do sério em tais circunstâncias seria ver os comandantes descerem à casa das máquinas ou a administração impor a presença nas zonas técnicas, quando a atenção deveria estar exclusivamente focalizada nas respostas possíveis a tais circunstâncias.
Explicações para o sucedido? Previsões quanto á sua superação? Marcelo teria merecido ser agarrado por um braço e despejado do centro de comando para não meter o nariz onde naquela altura não era chamado.
Mas ele continua sem o sentido das conveniências. Esta semana, por exemplo, pôs os cabelos em pé aos seus conselheiros, quando confessou aos jornalistas a pena de ter um compromisso de Estado, que o impediria de ver o jogo de futebol entre a seleção portuguesa e a Suíça. Adivinha-se facilmente o incómodo dos convidados - o casal real holandês - quando se souberam alvos de tal «consideração»!
No fundo ele continua igual a si mesmo: estica o nariz e levanta o queixo para compor uma expressão, que julga adequada à da gravitas presidencial, mas todos sabemos que o seu verdadeiro rosto é o do entertainer, que até mergulhava no rio Tejo para parecer que teria alguma coisa a propor de substantivo, quando estava em causa a corrida à câmara da capital.
As esquerdas que se cuidem: numa altura em que é nítida a preparação de munições com que intenta alvejá-las, convirá que se concertem numa candidatura séria e vencedora, que reduza a estória presidenciável de Marcelo a este enselfiado mandato.
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